Do Porto para Nova Iorque, Singapura e Silicon Valley, a Veniam é uma das start-ups portuguesas mais promissoras no futuro da mobilidade, com uma tecnologia disruptiva nomercado. Próxima paragem: os veículos autónomos.
Considerada uma das start-ups mais disruptivas do mundo, a Veniam anda nas bocas do mundo pelas melhores razões. A tecnologia da empresa portuguesa que começou por a ser testada nos autocarros, táxis e camiões de lixo, na cidade do Porto, já chega a 780 mil utilizadores em vários pontos do globo.
Porto, Nova Iorque e Singapura são algumas das smart cities que usam a tecnologia portuguesa que, ao permitir a conectividade entre redes de veículos, vai permitir obter dados para melhorar a qualidade de vida das pessoas. “E isso é muito inovador e disruptivo porque quando vemos que hoje a mobilidade, cada vez mais, vai ser um serviço e, no futuro, até fornecido por veículos autónomos, constatamos que a capacidade que a plataforma da Veniam tem de mover enormes quantidades de dados dos veículos, entre eles e também para a Cloud, é um ingrediente absolutamente necessário para conseguir atingir essa visão”, explica João Barros, fundador da Veniam.
Rumo à estratégia da empresa na aposta de sistemas de mobilidade de futuro, a Veniam deu passos importantes conseguindo os primeiros contactos com os fabricantes de automóveis para a introdução da sua tecnologia nos novos veículos que vão sair para o mercado em 2019/2020. “Estamos já muito mais perto de poder fazer essa transição entre aquilo que aprendemos nas frotas que existem hoje, para aquilo as frotas que vão existir no futuro”, continua o empreendedor português. A Veniam é, aliás, a empresa com maior número de veículos ligados entre si, em todo o mundo, com várias frotas de veículos (autocarros, camiões e camionetas), ligados em rede.
Com escritórios em Portugal, Singapura, Nova Iorque e Silicon Valley - mais de 80% dos cerca de 50 colaboradores da empresa está em Portugal - a previsão é de crescimento e de expansão. No próximo ano, a start-up portuguesa prevê duplicar o número de colaboradores.
O sucesso da Veniam faz-se da conjugação de vários fatores: a ligação à academia, onde beneficiou de 10 anos de investigação nas universidades de Aveiro e do Porto e no Instituto de Telecomunicações e da qual resultou uma tecnologia disruptiva e a submissão de mais de 100 patentes, e da captação de investimento estrangeiro de capital de risco – até ao momento de 25 milhões de euros – com investidores como a True Ventures, multinacionais como a Verizon, a Cisco, a Orange, Yamaha, a Liberty Global e angels investors como a Cane.
“Cada vez mais, não se trata apenas de um produto isolado, é todo um ecossistema e, portanto, todos os parceiros no ecossistema têm de ver valor naquilo que nós estamos a colocar no mercado. E essa abordagem de ecossistema, que é cada vez mais típica da Internet e de toda a convergência que estamos a ver entre os transportes, os dados e a informação, é difícil e requer, de facto, uma abordagem muito sistemática que a academia é capaz de suportar e ensinar”, afirma o empreendedor português.
Professor convidado na Porto Business School e em outras escolas de topo, entre as quais se incluem o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a Universidade de Stanford e a Universidade Carnegie Mellon, João Barros, acredita que a formação em Portugal está ao nível das melhores.
“Acho que nós temos a tendência para especializar as pessoas demasiado cedo, acho que devemos manter uma formação o mais generalista possível durante o máximo de tempo possível. (…) É muito importante ter indivíduos renascentistas e mais completos e, portanto, eu gostaria muito de ter um sistema de educação que fomentasse muito o pensamento crítico e a curiosidade relativamente a todas as éreas porque isso torna-nos muito mais resilientes individualmente, mas também torna as empresas muito mais resilientes e torna a sociedade muito mais resiliente”, explica João Barros.
O empreendedor português vê com agrado a capacidade empreendedora da geração mais jovem que está a transformar as indústrias tradicionais em novos negócios que acrescentam valor ao mercado. Eu acho que o caminho para o país é esse. Acho que o empreendedorismo não é apenas necessariamente criar uma start-up de raiz, de base tecnológica ou não, passa também muito, por exemplo, por pegar em negócios que estão já a funcionar, mas com garra e com as metodologias certas que podem tornar-se muito maiores e criar muito mais valor e muito mais impacto em breve para toda a gente. Portanto, vejo com muito agrado esse movimento, ver que há segundas gerações que estão a pegar nos negócios dos pais e a transformá-los”, remata João Barros.