Sobreviver num mundo Vuca? “É preciso passar de uma cultura de gestão para uma cultura de liderança”
No mundo “louco”, onde tudo muda constantemente, é fulcral que os líderes sejam capazes de instalar uma liderança positiva. Kevin Roberts, especialista em comunicação de marcas e liderança, esteve no Alumni Day a partilhar a sua experiência e apresentar alguns "shots" que poderão orientar empresas e indivíduos para navegar num mundo super VUCA.
Como é que preparamos os líderes para o futuro, no chamado mundo “VUCA" – Volatile, Uncertain, Complex and Ambiguous? Kevin Roberts, autor dos livros "Lovemarks" e do mais recente "64 Shots: Leadership in a Crazy World" indicou alguns caminhos possíveis para que os líderes consigam triunfar no mundo em constante mudança.
“Tudo começa com um objetivo e um sentido de propósito, tudo começa com um sonho”, afirmou perante uma plateia repleta e entusiasta, com cerca de duas centenas de antigos alunos da Porto Business School que marcaram presença no Alumni Day.
Os líderes têm de ser capazes de motivar e inspirar os que estão à sua volta para que deem o melhor de si mesmos e ajudarem a perseguir aquele que é o sonho da empresa, continua o especialista. “É preciso criar uma cultura criativa na organização, o que acontece conseguimos reunir quatro elementos: responsabilidade, aprendizagem, reconhecimento e felicidade. Se tivermos uma cultura em que estes quatros aspetos estejam equilibrados, estaremos a criar uma cultura de liderança”, sustentou Kevin Roberts.
Bem ao seu estilo, irreverente e provocador, Kevin Roberts foi lançando tópicos sobre os grandes desafios rumo a uma liderança de sucesso. “O otimismo é vital para vencer neste mundo louco, sublinhou o antigo CEO Worldwide & Chairman da Saatchi & Saatchi e fundador da Red Rose Consulting.
O especialista em comunicação e marcas, com um longo percurso na área da publicidade e que inovou com o conceito de lovemarks, falou sobre a necessidade de adotar uma nova cultura nas organizações.
“Precisamos de compreender que a disrupção e a transformação é um modo de vida e vai acontecer cada vez mais rápido por causa da tecnologia. Por isso, o melhor é abraçar esse desafio. O que significa que é preciso mudar. Fundamentalmente, é preciso passar de uma cultura de gestão para uma cultura de liderança. E a liderança não se pode fazer de cima para baixo, não se pode gerir através do comando e do controlo”, afirmou Kevin Roberts.
E nesta mudança de mentalidade e de cultura dos futuros líderes, as escolas de negócio têm uma missão fundamental. “As escolas preparam muito bem os seus alunos para saírem com mais conhecimentos e competências. É um bom começo. Mas, na minha opinião, o que o mundo dos MBAs deve pensar é como é que pode proporcionar uma aprendizagem global rápida, para que os alunos possam também desenvolver o seu lado mais talentoso e a sua capacidade de liderança. Atualmente, as pessoas que saem das escolas de negócio são bons gestores. Eu gostava que fossem também bons líderes”, defendeu Kevin Roberts.
Depois de estar estado na Porto Business School Grand Conference, em 2016, Kevin elogiou a evolução positiva que Portugal teve no último ano, impulsionado pelo crescimento da economia, do turismo, do empreendedorismo e de novas start-ups.
E deixou três ideias que podem contribuir para o desenvolvimento económico do país. A começar pela promoção dos vinhos portugueses lá fora. Na opinião de Kevin Roberts, o mercado é ainda “demasiado intelectual e pouco emocional” e a designação dos vinhos portugueses é pouco percetível no mercado externo.
A segunda ideia passa por uma maior aposta do Governo no desenvolvimento à inovação e à criação de start-ups, através de incentivos fiscais e incentivos à criação de emprego, para fixar os jovens talentos em Portugal.
A terceira ideia é na área do turismo, mais concretamente a promoção da cidade do Porto como destino turístico. Na visão de Kevin Roberts, a estratégia de marketing adotada ainda é muito standardizada e estereotipada. “O Porto tem tudo. Tem história, mar, música, boa comida, cultura, e vida noturna”, conclui o neozelandês.