O futuro que hoje, no presente, desenhamos, é promissor! O World Economic Forum refere que, aproximadamente, 65% da natureza do trabalho que os atuais alunos do ensino básico irão exercer, ainda não existe e sabemos também que as revoluções industrial, tecnológica, demográfica e socio-económica nos conduzem, já hoje, a modos diferentes de conectar e de gerar valor.
Antecipar, adaptar, redesenhar, são formas de estar na gestão que nos tocam, onde a mudança, convictamente constante e pertinente, nos leva a dar o salto, num turbilhão de sensações e emoções que tanto nos inquietam, fazendo transpirar as mãos, como ao mesmo tempo nos entusiasmam, pela adrenalina que nos provocam. Gerimos por valores que nos norteiam, com os quais procuramos alinhar o nosso propósito, numa marca pessoal que queremos tornar sustentável. E sabemos também que somos obras inacabadas, criaturas imperfeitas, uma vez que, como diz Richard Thaler, prémio Nobel da Economia de 2017, e uma referência mundial na Economia Comportamental, não somos infinitamente inteligentes, nem possuímos um autodomínio perfeito, porque decidimos de forma bastante irracional, influenciados por pormenores aparentemente insignificantes.
Por tudo isto, a frequência com que experienciamos emoções positivas, como alegria, esperança, gratidão, leva-nos a abraçar, de forma mais ampla e construtiva, os desafios que se colocam à nossa capacidade de liderança, de envolvimento e compromisso da nossa equipa, de expansão e de diferenciação do negócio. Esta positividade permite-nos tomar melhores decisões, sermos mais criativos, produtivos e resilientes. Num balanço com as emoções negativas, como são a incerteza, a angústia e o medo de arriscar, este rácio de positividade (maior número de emoções positivas do que emoções negativas) pode ser trabalhado no sentido de ampliar a nossa confiança, para que de forma mais consciente, corajosa e sustentada, ousamos abraçar a mudança, tomando melhores decisões. A confiança, o otimismo, a empatia e a resiliência, são competências que se podem medir, treinar e que têm impacto sustentado no valor que queremos criar. A diferença entre aquilo que lemos – e que consideramos pertinente e útil - e o que aplicamos, está também relacionada com a nossa capacidade em incorporar novas rotinas, ou ampliar a frequência de algumas das rotinas que já fazemos. E é pelo treino dessas rotinas, associado à energia e determinação que colocamos na sua implementação, que ampliamos o impacto da nossa gestão.
Referimo-nos ao treino das dimensões cognitiva, emocional, comportamental e fisiológica. Com base nos princípios da Psicologia Positiva e da Neurociência, sabemos que podemos desenvolver forma de pensar mais criativas e ágeis e que esta flexibilidade cognitiva ajuda as equipas a ter maior foco na solução. A busca incessante pelo conhecimento e a aprendizagem que devemos ter sobre a forma como cometemos erros, presentes no programa de treino da Resiliência para Resultados, permite-nos ser melhores decisores. Numa matriz de gestão que se quer cada vez mais colaborativa e em rede, a empatia, o genuíno interesse pelo outro e por um resultado mutuamente vantajoso, continuará a elevar a liderança para um patamar de diferenciação superior. A nossa dimensão fisiológica, de cariz biológico e orgânico, através da qual o nosso organismo vai respondendo às condições adversas que abalam o nosso equilíbrio interno, pode ser também desenvolvida pelo treino da atenção. Deste modo, tornamo-nos mais harmoniosos, melhores decisores e contribuimos para uma autenticidade que engrandece as nossas vidas!
Isabel Paiva de Sousa
Executive Education Advisor na Porto Business School.
Diretora do Programa Resiliência para Resultados. Docente. Consultora. Investigadora na área da Felicidade no Trabalho.