“Tecnologias de comunicação”, “Leis de imigração” e “Regulamento de proteção de dados” são algumas das principais forças do país
Portugal subiu um lugar no Ranking Mundial de Competitividade Digital do IMD - Institute for Management Development, onde passa a ocupar a 35ª posição, entre as 67 economias mundiais avaliadas. Com este resultado, o país regista uma evolução positiva na tabela classificativa deste relatório pelo segundo ano consecutivo, seguindo a tendência do índice geral de competitividade divulgado pela mesma entidade, em que Portugal ascendeu ao 36º lugar. Refira-se que, a nível nacional, a instituição académica conta com a parceria exclusiva da Porto Business School para a elaboração do ranking.
O estudo revela que o país melhorou em duas das três categorias avaliadas. Em “Conhecimento”, Portugal subiu dois lugares na tabela (29º), tendo melhorado na subcategoria de “Talento” (28º) e mantido a classificação em “Formação e educação” (34º) e “Concentração científica” (26º). Na área da “Tecnologia”, verificou-se uma ascensão de quatro lugares (36º), graças ao “Enquadramento regulamentar” (26º) e “Enquadramento tecnológico (42º). Apesar da descida de uma posição no indicador de "Preparação para o Futuro", a subcategoria “Atitudes de adaptação” subiu dois lugares (24º).
A classificação nacional do Ranking Mundial de Competitividade Digital do IMD baseia-se em critérios específicos em cada uma das categorias e subcategorias. No “Conhecimento”, o “Rácio aluno/professor (ensino superior)” destaca-se como a principal força de Portugal, em 12º lugar. No sentido oposto, a “Experiência internacional” e a “Formação de trabalhadores” sobressaem como as principais fraquezas nesta área, ocupando a 60ª e a 61ª posição, respetivamente.
Já ao nível da “Tecnologia”, as “Tecnologias de comunicação” (3º) e as “Leis de imigração” (4º) aparecem no topo da tabela, enquanto a “Banda larga sem fios” (55º) e os “Capitais de risco” (57º) são apontados como os principais pontos fracos. Por fim, no indicador de “Preparação para o futuro”, destaque positivo para o “Regulamento de proteção de dados” (5º) e “Flexibilidade e adaptabilidade” (8º). Aqui, a reduzida “Utilização de big data e analytics” (61º) empurra Portugal para o fundo da tabela, assumindo-se como a principal fraqueza neste parâmetro.
Para José Esteves, dean da Porto Business School, “a ascensão de Portugal neste ranking pelo segundo ano consecutivo reflete o potencial transformador do país no cenário digital e a qualidade dos nossos talentos. Estes resultados demonstram o compromisso do setor académico e empresarial português em abraçar a inovação e a adaptabilidade, essenciais para uma economia competitiva e preparada para o futuro. A Porto Business School orgulha-se de colaborar com o IMD na análise destes dados, o que nos permite reforçar o nosso compromisso em fomentar a inovação e a educação em áreas cruciais, tais como liderança, transformação digital, inteligência artificial e cibersegurança”.
Singapura lidera ranking de competitividade digital
Este ano, Singapura lidera o Ranking Mundial de Competitividade Digital do IMD, seguida pela Suíça, em segundo lugar, com a Dinamarca a fechar o pódio. Já os EUA, líderes em 2023, desceram três posições e ficaram em quarto lugar.
Após ter ficado no terceiro lugar no ano passado, Singapura deu o salto para o topo da tabela, posicionando-se como a economia mais digitalmente competitiva. Este resultado deve-se, principalmente, aos altos indicadores na gestão de cidades, ao número de concessões de patentes de alta tecnologia, aos serviços bancários e financeiros, bem como às parcerias público-privadas.
Já a Suíça progrediu significativamente nas exportações de alta tecnologia (9º), na participação eletrónica (subiu 11 posições, passando para 27º) e na cibersegurança (11º). Quanto à Dinamarca, os principais pontos fortes identificados foram a qualidade e a prioridade da formação dos seus trabalhadores, a excelente classificação do país em termos de crédito, a agilidade empresarial e a atitude aberta em relação à globalização, uma administração pública eletrónica eficiente e a confiança em servidores de Internet seguros (o país está em primeiro lugar em todos estes indicadores).
Refira-se, ainda, que nos EUA, verifica-se uma tendência descendente na atitude do país em relação à globalização (58º lugar, descendo oito posições), um medo crescente do fracasso por parte dos empresários (28º) e uma diminuição notável da disponibilidade de experiência internacional a nível de gestão (28º). Os pontos fortes do país são as concessões de patentes de alta tecnologia (4º) e a regulamentação de políticas de Inteligência Artificial (1º).
Rivalidades geopolíticas e infraestruturas são os desafios para 2025
José Caballero, economista sénior do Centro de Competitividade Mundial do IMD, refere que “as rivalidades geopolíticas, em especial entre grandes potências, como a concorrência tecnológica entre os EUA e a China, estão a fragmentar o panorama digital, influenciando não só a forma como outros países desenvolvem e utilizam as tecnologias digitais, mas também a sua capacidade de competir a nível mundial”.
Outro dos desafios mais significativos para a competitividade digital no horizonte para 2025 é a grande disparidade existente no desenvolvimento de infraestruturas digitais. Muitas economias, especialmente nas regiões em desenvolvimento, não têm acesso a banda larga de alta velocidade e redes de eletricidade e de telecomunicações modernas, o que limita a sua participação na economia digital global.
Além disso, o relatório assinalou como os países deverão lidar com o ritmo da mudança no avanço tecnológico e com os requisitos de capacidades. Embora as tecnologias emergentes, como a inteligência artificial (IA), a blockchain e a computação quântica, estejam a impulsionar a inovação e a remodelar as indústrias, as economias e as sociedades, também podem aumentar o fosso digital. Os países que exploram eficazmente o poder destas tecnologias estarão posicionados para aumentar a sua vantagem competitiva digital, conduzindo a um crescimento económico sustentado, a uma maior produtividade e a uma maior influência global. Os principais indicadores da classificação que assinalam este facto incluem a concessão de patentes de alta tecnologia, os direitos de propriedade intelectual e a e-governance.
O Ranking Mundial de Competitividade Digital do IMD tem evoluído continuamente para melhor refletir as condições em mudança da governação digital, das empresas e da sociedade. Para o efeito, os indicadores novos ou melhorados este ano são: um índice de educação em ciências informáticas, uma mensuração de artigos científicos sobre IA, uma contagem de políticas de IA aprovadas por lei, uma contagem de servidores de Internet seguros e uma avaliação da flexibilidade e adaptabilidade (das pessoas, quando confrontadas com novos desafios).
A metodologia deste relatório divide a competitividade digital em três fatores: “Conhecimento”, “Tecnologia” e “Preparação para o Futuro”. Cada um está dividido em três subfactores que destacam todas as facetas das áreas analisadas. No total, o ranking apresenta nove desses subfactores, que incluem um total de 59 critérios.