Portugal ocupa a 37ª posição do Ranking de Competitividade Digital do IMD World Competitiveness Center, divulgado hoje, mantendo assim a tendência decrescente dos últimos 5 anos, com exceção de 2018. Apesar de ter conseguido melhorias ligeiras nas áreas do Conhecimento e da Tecnologia, a economia nacional caiu três posições face a 2019 e não conseguiu acompanhar o ritmo de competitividade digital de outros países, num ranking que continua a ser liderado pelos EUA.
Recorde-se que a Porto Business School é, pelo quinto ano consecutivo, parceira exclusiva do IMD para Portugal na elaboração deste ranking.
Segundo o ranking, onde Portugal se posiciona perto da metade da tabela e à frente de apenas 8 países da União Europeia, é no indicador de Conhecimento que a economia nacional apresenta uma melhor performance no ranking, apesar de ter descido 2 posições. Já quando avaliada na categoria Tecnologia, apesar de ter melhorado em todas as vertendes avaliadas, manteve o 38º lugar. Foi no indicador Preparação para o Futuro que a perda de competitividade digital da economia portuguesa foi maior, onde a descida foi de sete posições face a 2019.
Bom Conhecimento em digital não é transportado para as empresas
O Conhecimento mantém a tendência dos anos anteriores enquanto indicador que mais contribui para tornar a economia nacional competitiva no digital, com classificações sempre a oscilar entre a 27ª e a 33ª posição desde 2016. Em 2020, Portugal volta subir classificação no que diz respeito à Qualidade do seu Talento (26º para 24º), tal como na Formação & Educação que proporciona (sobe de 39º para 38º) e, ainda, na Concentração de Conhecimento que existe no país (sobre duas posições, de 32º para 30º). No entanto, a descida de posição no indicador Conhecimento (31º para 33º) serve de alerta para um crescimento a um ritmo mais lento do que noutros países, sobretudo devido à fraca prestação das empresas na Formação de Colaboradores (58º). Em destaque, nesta área, surgem a existência de boas Competências Digitais e Tecnológicas (14º) na população portuguesa e ao número de Graduados em Ciência (13º).
O principal ‘calcanhar de Aquiles’ da competitividade digital de Portugal tem sido a pouca Preparação para o Futuro, com a descida da 34ª para a 41ª posição a evidenciar alguma dificuldade em transpor o Conhecimento para a realidade das empresas. A falta de Agilidade no Negócio (57º) que as empresas têm demonstrado é o fator que mais impacta esta queda de sete lugares, nomeadamente devido a baixas pontuações na Deteção de Oportunidades & Riscos (50º), no Receio do Fracasso (49º) e Uso de Big Data & Analytics (55º).
Também no que respeita à Tecnologia, Portugal apresenta um crescimento residual em todos os sub-fatores, o que não foi suficiente para alterar a posição que o país ocupa no ranking (38º). Se, por um lado, a qualidade das Tecnologias de Comunicação (5º), o Número de Utilizadores de Internet (12º) e as Leis de Imigração (4º) fazem com que o país se torne um dos mais competitivos no digital, por outro, a reduzida penetração de Assinantes de Banda Larga Móvel (59º) e a falta de Exportação de Tecnologia de Ponta (55º) empurram Portugal para a metade inferior da tabela, no que a este indicador diz respeito.
Para Rui Coutinho, Diretor Executivo de Inovação & Crescimento da Porto Business School, “Portugal precisa de acelerar, de forma decidida, o seu investimento na geração e transposição de conhecimento nas áreas digitais para as empresas. É na agilidade da gestão que está o problema mas, simultaneamente, também a solução. Por isso, cabe aos gestores portugueses compreender a importância de adotarem uma gestão mais empreendedora, mais ágil e mais adaptativa - um novo ‘darwinismo organizacional’ -, que precisa de recorrer a novas ferramentas digitais, suportar as decisões em dados e apostar, de forma clara, nas competências dos trabalhadores para o digital.” E acrescenta “Durante os últimos anos ouvimos as empresas falarem abundantemente em ‘transformação digital’. É verdade que muito foi investido no digital; mas a palavra mais importante nesse novo mantra das empresas deveria ter sido ‘transformação’. E aí, está quase tudo por fazer.”
No que diz respeito aos resultados globais do Ranking de Competitividade Digital, os primeiros lugares não sofreram muitas alterações face a 2019, com destaque apenas para Hong Kong que sobe três posições até ao 5º lugar na tabela, e para a Finlândia, que fecha agora o Top 10 depois de perder três posições. Nota, também, para o crescimento consecutivo da China que este ano entra no Top 20 (16º), depois do 22º lugar em 2019 e 30º em 2018.
O Ranking de Competitividade Digital baseia-se na avaliação de três fatores: Conhecimento, que captura a infraestrutura intangível necessária para as dimensões de aprendizagem e descoberta da tecnologia; Tecnologia, que quantifica o cenário de desenvolvimento de tecnologias digitais; e Preparação para o Futuro, que examina o nível de preparação de uma economia para assumir a sua transformação digital.