Portugal investe menos no desenvolvimento do talento, mas mantém 26ª posição entre os países mais competitivos. Baixo investimento das empresas na formação dos colaboradores continua a ser o fator onde Portugal regista a pior posição.
Segundo o ranking de Talento Mundial do IMD World Competitiveness Center 2021, divulgado hoje, Portugal segura a 26ª posição, após 2 anos consecutivos de perda de posições.
Este ano os resultados são marcados pela descida do país nos fatores de “Investimento & Desenvolvimento” e “Preparação”, afastando Portugal de países como a Suíça, Suécia e Luxemburgo, as três economias mais competitivas em talento a nível mundial, no total de 64 analisadas.
Depois de ter conquistado o seu melhor resultado em 2018, com o 17º lugar, nos últimos anos Portugal tem perdido terreno no que respeita ao Talento, e em 2021, não conseguiu, uma vez mais, inverter esta tendência negativa. No fator “Investimento & Desenvolvimento”, onde Portugal desceu da 22ª para a 25ª posição, o principal fator para a baixa competitividade continua a ser a falta de aposta das empresas na “Formação dos Colaboradores” apontada como a nossa principal fraqueza (60º lugar).
Pela positiva destaca-se a forte percentagem que o país apresenta ao nível da força de trabalho do sexo feminino (49,5%), relativamente à sua força laboral total.
Apesar da subida de três posições no fator “Atratividade” – do 33º para o 30º lugar – dos três principais fatores, este ainda é aquele onde Portugal ocupa a pior posição; resultado da baixa classificação nos critérios de “justiça”, “motivação dos colaboradores” e “saída de pessoas com boa formação e qualificação”.
Por último, no fator “Preparação”, Portugal perdeu apenas uma posição como consequência do baixo “Crescimento da Força de Trabalho”, enquanto pela positiva sobressaíram as boas pontuações em “Gestão da Educação” e “Competências Linguísticas”, demonstrando que cada vez mais as competências da população ativa respondem às necessidades e exigências das empresas.
Para Ramon O’Callaghan, Dean da Porto Business School, que, pelo sexto ano consecutivo, é parceira exclusiva do IMD para Portugal na elaboração deste ranking, “num ano em que todas as economias foram impactadas pelos efeitos da pandemia, Portugal não conseguiu tornar-se mais competitivo. Os líderes e gestores das empresas devem perceber a sua responsabilidade no aumento da motivação dos colaboradores, que é seguramente impactada por fatores como o salário, a segurança ou a qualidade de vida, mas também pelas condições que são dadas aos profissionais a nível de flexibilidade, reskilling e utilização da tecnologia mais avançada.”
Países europeus reforçam liderança do talento a nível global
O ranking deste ano revela que as economias europeias consolidaram a sua posição de liderança, ocupando todas as posições do Top 10, mais duas do que em 2020. Para além disso, observam-se melhorias na Ásia Oriental e Ásia Central, enquanto a América do Norte, Sul da Ásia e Pacífico, Ásia Ocidental, África, e América do Sul perderam protagonismo.
Entre 2017 e 2021 a Ucrânia, Hungria, Croácia, Estónia, Eslovénia e Roménia subiram pelo menos 10 lugares. A Ucrânia é o país que mais melhorou, subindo 13 lugares para 46º lugar em 2021.
A Suíça manteve o 1º lugar como resultado do seu desempenho sustentado em todos os três fatores: “Investimento & Desenvolvimento” (1º), “Atratividade” (1º) e “Preparação” (3º). O desempenho deste país é apoiado pela despesa pública em educação, a implementação de aprendizagens, a priorização da formação dos colaboradores, e a eficácia global do sistema de saúde.
A Suécia sobe ao 2º lugar (a partir do 5º) resultado das melhorias no seu desempenho em “Atratividade” (3º, a partir do 4º) e “Preparação” (4º, a partir do 11º). O seu desempenho na avaliação educativa PISA, a sua disponibilidade de mão-de-obra qualificada, as suas competências financeiras, e a abundância de gestores superiores competentes e gestores com experiência internacional são determinantes.
O IMD é uma instituição académica independente com raízes suíças e alcance global, fundada há quase 75 anos por líderes empresariais e para líderes empresariais. Desde a sua criação, tem sido uma força pioneira no desenvolvimento de líderes que transformam organizações e contribuem para o desenvolvimento da sociedade. Com sede em Lausanne e Singapura, o IMD encontra-se no Top 3 do Executive Education Global Ranking da FT nos últimos nove anos consecutivos e entre os cinco primeiros há 17 anos consecutivos.