A opinião de Sofia Santos, diretora do programa Gestão Sustentável: a Leadership Expedition to the Future e secretária-geral do BCSD Portugal sobre a importância de uma gestão cada vez mais sustentável nas empresas.
Atualmente as boas práticas de gestão não se limitam à maximização do lucro para o acionista; as alterações climáticas são um risco sistémico para o mercado financeiro; o dever fiduciário do Conselho de Administração está em reformulação; as empresas são chamadas pelas Nações Unidas e Comissão Europeia para contribuírem para o desenvolvimento sustentável e, em 2018, será publicada a estratégia europeia para as finanças sustentáveis.
Várias cidades europeias irão impedir a circulação de veículos de combustíveis fósseis até 2030, e Portugal assumiu o compromisso de ser neutro em carbono até 2050. Há um numero crescente de empresas a serem criadas com um propósito além do lucro, num contexto em que as megatendências indicam que iremos passar para uma sociedade altamente tecnológica, onde a robótica e os sistemas cognitivos nos darão a companhia de máquinas capazes de fazer muitos dos trabalhos de hoje e do amanhã. Assim, o século XXI será marcado pela dicotomia entre a tecnologia, a robótica, a produtividade, e o humanismo, a ética, o respeito pelo Homem e pela Natureza.
A gestão e o humanismo
Numa sociedade onde, de acordo com a OCDE, o consumo de antidepressivos tem aumentado consideravelmente na maioria dos países desde 2000, sendo Portugal o terceiro país que mais antidepressivos consome a seguir à Islândia e Austrália, torna-se evidente que o atual contexto em que vivemos é difícil para os Humanos. Vivemos tempos estimulantes, desafiantes, mas que implicam a capacidade de processar elevados níveis de informação a uma velocidade estonteante, que contracenam com a lentidão da mudança do sistema com que lidamos diariamente.
Para sobreviver de forma equilibrada a este paradoxo, são necessários novos skills e competências, que ajudem por um lado as pessoas a trabalharem neste mundo multidisciplinar, exigente, veloz e incerto, e, por outro, que consigam fortalecer a mente e a alma de todos nós, de forma a conseguirmos ter um equilíbrio emocional adequado à realidade efetiva das coisas. Saber relativizar as situações e priorizar as coisas constituem hoje capacidades essenciais e de sobrevivência para qualquer pessoa.
As competências e os skills necessários no futuro
Com o programa Gestão Sustentável: a Leadership Expediction to the Future, pretendemos fornecer um conjunto de skills e competências para que as pessoas consigam compreender o processo de transição que estamos a viver, as novas exigências de gestão que esse processo coloca nas empresas, bem como conhecimento sobre a forma de funcionamento do corpo humano e do cérebro, de forma a que consigamos, na realidade, capacitar agentes de mudanças resilientes, mas harmoniosos e equilibrados. Só dessa forma conseguiremos ter uma sociedade que caminha em prol de um desenvolvimento sustentado e preocupado com as gerações futuras.
Sofia Santos
Diretora do programa Gestão Sustentável: a Leadership Expedition to the Future e secretária-geral do BCSD Portugal.