O Chão do Rio – turismo de aldeia, foi idealizado por Catarina Vieira durante a primeira edição da Pós-Graduação em Gestão do Turismo e Hotelaria da Porto Business School. O Projeto ganhou forma em 2014, após alguns anos de testes, e, desde então, tem sido um sucesso. O segredo está em “oferecer uma experiência sempre diferente a todos os que nos visitam e crescer de forma cautelosa e sustentável”.
O Chão do Rio surgiu da paixão de Catarina Vieira – e da sua cara metade, o Rodolfo - pela natureza. Apesar de ter uma vida urbana, Catarina sempre trouxe nas suas memórias de infância a ruralidade e nunca deixou de alimentar a ideia de um dia ter o seu próprio canto, longe do ruído da cidade. E foi assim que nasceu o Chão do Rio.
O Chão do Rio foi uma propriedade encontrada ao acaso, em Travancinha, concelho de Seia, em 2001. Um lugar onde Catarina e Rodolfo “encontraram um lugar que os faz sentir inteiros, onde os sorrisos vêm de dentro e a felicidade se vive nas coisas simples, como aquela que se sente ao plantar uma árvore.”
Inicialmente foi um local de retiro familiar e para uso particular. No entanto, Catarina acreditava que o local tinha potencial para ser explorado em termos turísticos. E foi isso que a levou a inscrever-se na primeira edição da Pós-Graduação em Gestão do Turismo e Hotelaria da Porto Business School, corria o ano de 2007. “O turismo era uma área de futuro e por isso fiz essa formação. O programa foi muito na ótica de arrumar ideias e ter uma visão profissional da área do turismo. Aliás, todo o projeto foi idealizado durante a minha formação na Porto Business School”, revela Catarina.
E nos dois anos seguintes continuou a estudar ainda mais o setor, realizando um estudo que lhe permitiu “conhecer melhor a região e que a propriedade e o projeto podiam realmente ter pernas para andar”.
Crescimento sustentável
Em 2010, Catarina criou a marca [que já era o nome da propriedade] e arrancou com o projeto Chão do Rio – turismo de aldeia, que começou “com uma casa e como alojamento local e casa de férias. Achámos que era uma boa base para se conhecer a Serra da Estrela, até porque o Parque Natural da Serra da Estrela começa em Seia. Desde o início que temos vindo a dar passos sempre muito cautelosos”, explica.
O investimento inicial foi mínimo e, durante dois anos, a preocupação de Catarina foi solidificar o conceito e efetuar testes de mercado. Como o projeto corria bem sentiu-se a necessidade de o expandir, pelo que se evoluiu o plano estratégico desenvolvido na Porto Business School e se apresentou uma candidatura a fundos comunitários que seria aprovada em 2012. Fizeram-se as alterações necessárias e construiram-se mais cinco casas, “inspiradas na cultura pastoril e em tudo em torno desta”, admite Catarina Vieira. Um investimento superior a 100 mil euros.
O Chão do Rio, como o conhecemos hoje, abriu portas ao público a 1 de Agosto de 2014. E com lotação esgotada. “Do primeiro para o segundo ano o crescimento foi muito grande. No verão quase todos os dias estão esgotados. No inverno também. As épocas mais baixas são o outono e a primavera. No entanto este ano houve um crescimento considerável, muito porque oferecemos preços mais adequados. Nós fomos sempre acompanhando as necessidades dos clientes. A forma muito autêntica como os clientes são recebidos dá uma noção de proximidade, e isso faz com que as pessoas nos façam sugestões que nos permitem melhorar a nossa oferta e proporcionar-lhes uma experiência mais rica”, adianta Catarina.
O que oferece o Chão do Rio
Espaço rural onde 50% da área é florestal, o Chão do Rio é essencialmente “procurado por pessoas oriundas das grandes cidades. Somos muito visitados por fotógrafos profissionais e amadores, por causa das aves e da vida selvagem. E famílias que sentem a necessidade de se sentirem envolvidas pela natureza. Temos um galinheiro em movimento, ovelhas, um trilho interno, uma piscina biológica, uma horta e várias árvores de fruto. Nós fomentámos isto tudo. Queremos proporcionar todo um tipo de experiências. Também temos parcerias com várias empresas, onde não interferimos nos preços praticados, o que valoriza a oferta ao cliente. Desde o catering, passando pelos passeios de cavalo aos workshops de fotografia natural e de alimentação saudável para as famílias são muitos os serviços e atividades que proporcionamos a quem nos visita. Nós estamos sempre à procura de coisas novas que satisfaçam os nossos hóspedes”, esclarece Catarina.
Perspetivas de futuro
Quando questionada sobre o que espera do futuro do Chão do Rio, Catarina é clara: “o conceito é para continuar e em pequena escala. Há uma coisa que gostava de fazer – uma sala, um espaço multi-funcional. O objetivo é nivelar a taxa de ocupação nas épocas baixas através de eventos com empresas, por exemplo. E sempre com ligações à natureza. É uma parte estratégica. E queremos acrescentar mais valor para a experiência dos hóspedes, mas sem nunca sair dos nossos valores e, como referi anteriormente, da pequena escala”.
E acrescenta que, “não queremos fugir à simplicidade que nos carateriza: o luxo do simples prazer de se estar em família e com a natureza. A crescermos terá que ser com a criação de outros Chão do Rio. Caso contrário iria descaracterizar o projeto. Não queremos estragar a beleza natural do local”.