São sete anos de crescimento consecutivo num setor que já exporta 1,923 mil milhões de euros e com um crescimento de 59% desde 2009. Mas não só. Esta semana a APICCAPS fez história com a assinatura de um contrato coletivo de trabalho que garante salários iguais para homens e mulheres com as mesmas funções e que se traduz, ainda, num aumento médio dos salários de 3,8% para os trabalhadores do setor.
São mais de 81 milhões de pares de sapatos exportados. É caso para dizer que é muito sapato. Mas a verdade é que ainda podem ser mais, se tivermos em consideração que existem mais de 14 mil milhões de pés no mundo e que, de acordo com o recente relatório das Nações Unidas, o mundo terá mais 2 milhões de pés nos próximos doze anos e perto de 20 mil milhões em 2050. Ou seja, as perspetivas de crescimento são otimistas e, quem sabe, não se deixe o segundo lugar na lista dos maiores produtores mundiais e se consiga ultrapassar a Itália, atualmente no topo da tabela do setor do calçado.
Este crescimento contínuo deve-se, de acordo com o presidente da APICCAPS, Fortunato Frederico, “à proatividade dos industriais que modernizaram as fábricas, à colaboração dos trabalhadores, às políticas públicas desenvolvidas, à aposta nas feiras, na produção com qualidade, na inovação” e, também, a um setor que “soube aproveitar a globalização”.
E esse crescimento parece não querer parar. Só nos dois primeiros meses de 2017, e em comparação com o mesmo período do ano passado, as exportações cresceram 6,4% que se traduzem num aumento na ordem dos 367 milhões de euros. O que significa que 2017 poderá significar um oitavo ano consecutivo de crescimento e o ultrapassar da barreira dos 95% atuais de produção para exportação. Números impressionantes para um setor que, em tempos e tal como o têxtil, parecia estar fragilizado.
A concertação como fator de competitividade
Um dos motivos que os responsáveis pela APICCAPS apontam para o crescimento e estabilização deste setor é o da “paz social e criação e distribuição de riqueza”. A concertação efetiva entre o patronato e os sindicatos teve um papel fundamental e que levou à criação, desde 2009, de mais de sete mil postos de trabalho e contribuindo de forma decisiva para o aumento da competitividade no setor.
O culminar desta concertação social teve lugar no passado dia 18 de abril, com a assinatura de um contrato coletivo de trabalho que garante salários iguais para homens e mulheres com as mesmas funções. E um aumento médio na ordem dos 3,8%. Um momento “histórico” de acordo com Paulo Gonçalves que, em declarações ao Expresso, realça o facto de, pela primeira vez, se igualar os salários entre homens e mulheres. De referir que as mulheres representam cerca de 60% dos trabalhadores do setor.
O futuro do calçado
Tendo em conta os números apresentados o setor do calçado tem pela frente um futuro de crescimento contínuo e promissor. E a par de outros, será um impulsionador da economia portuguesa e uma âncora para outros setores. Mas tem pela frente um novo desafio. O da liderança.
Fortunato Frederico vai deixar o cargo de presidente da APICCAPS dezoito anos depois de assumir a presidência da associação. À porta de eleições para uma nova direção, e com duas listas concorrentes – lideradas por Luís Onofre e Sérgio Cunha, algo inédito em 42 anos de existência da estrutura associativa - espera-se que os próximos responsáveis pela APICCAPS possam continuar o excelente trabalho até aqui desenvolvido e, quem sabe, tornem o setor ainda mais competitivo. E que façam do calçado português uma indústria ainda mais “sexy”.