Nas últimas décadas, o turismo tornou-se um dos setores económicos mais dinâmicos e de mais rápido crescimento no mundo, sendo considerado um motor para a criação de emprego e da promoção do desenvolvimento económico local, contribuindo para a criação de emprego, direto e indireto.
De acordo com o The World Travel and Tourism Council Travel and Tourism Economic Report, em 2019, o setor representava cerca de 330 milhões de empregos (diretos e indiretos) a nível mundial, o equivalente a 10,3% do emprego global total e um em cada 10 empregos a nível mundial, sendo que 144 milhões de postos de trabalho são assegurados pelo alojamento e restauração, e a maioria das empresas a operar no setor são micro, pequenas e médias empresas.
O surto da COVID-19 está a ter um impacto devastador na economia e emprego mundiais, com a indústria do turismo a ser duramente atingida pelas medidas de contenção da pandemia. Mesmo após o levantamento progressivo das medidas de contenção, prevê-se que as empresas continuem a enfrentar os desafios de uma recuperação lenta. De acordo com o relatório “Tackling coronavirus (Covid-19): Tourism Policy Responses, da OCDE, a pandemia e os esforços globais de contenção da doença representam uma contração de 45 a 70% da economia do turismo internacional, mas as indústrias do turismo local também estão a ser afetadas, uma vez que se estima que cerca de metade da população mundial esteja limitada por medidas de contenção. Espera-se que o turismo local recupere mais rapidamente do que a indústria do turismo internacional mas, uma vez que são as pequenas empresas que desempenham um papel importante como fornecedores de emprego (representam, em conjunto, quase 60% dos subsetores do alojamento e dos serviços alimentares), e são também aquelas que têm poucos ativos e são as menos susceptíveis de beneficiar de pacotes de estímulo económico, isto reflete a grave vulnerabilidade do setor à atual crise económica..
Segundo o International Labour Organization (ILO) Monitor publicado no final de abril, será necessário um tempo considerável para recuperar o investimento e as operações comerciais, uma vez que todos os setores em que o turismo tem importantes efeitos multiplicadores, incluindo a aviação civil, o artesanato, a agricultura e a indústria alimentar, foram profundamente afetados.
As medidas de apoio às empresas de turismo e de proteção de empregos e rendimentos revelar-se-ão cruciais para o setor num futuro próximo e serão especialmente importantes para as pequenas e médias empresas.
A Comissão Europeia coordenou uma resposta comum da União Europeia e tomou medidas para reforçar setores-chave, incluindo o setor do turismo, mitigando o impacto socioeconómico da pandemia. Estas medidas incluem a adoção de uma resposta económica abrangente ao surto que inclui uma Iniciativa de Investimento de Resposta ao Coronavírus no valor de 37 mil milhões de euros para proporcionar liquidez às pequenas e médias empresas. Numa carta datada de 24 de Março de 2020, a Task Force para o Turismo do Parlamento Europeu apelou a "um plano de ação de salvamento do turismo, com medidas concretas a curto e médio prazo".
Além disso, a maioria dos Estados-Membro da UE está a introduzir pacotes de assistência económica que irão fornecer apoio aos seus setores do transporte e turismo. As medidas incluem moratórias fiscais e prazos alargados para contribuições para a segurança social, para além de subsídios salariais, empréstimos e garantias para os trabalhadores e são vários os países que nacionalizaram empresas particularmente atingidas pela pandemia.
A 13 de Maio, a UE divulgou as suas orientações sobre como retomar com segurança as viagens e reiniciar o turismo na Europa em 2020 e nos anos vindouros. Esta orientação inclui uma estratégia global para a recuperação do setor, uma abordagem comum da UE para o levantamento das restrições nas fronteiras internas e quadros específicos, recomendações e critérios para o reinício seguro de viagens e serviços turísticos, incluindo protocolos de saúde.
Para as empresas de turismo, as medidas importantes incluem uma maior flexibilidade relativamente aos regulamentos sobre apoios estatais para permitir aos estados-membro apoiar medidas como esquemas de garantia de vouchers, fundamentais tanto para os viajantes como para as empresas de turismo porque promovem o reescalonamento de cancelamentos diretos e promovem as ofertas turísticas locais. Além disso, o programa SURE fornece apoio financeiro para esquemas de trabalho a tempo reduzido e sazonal, permitindo às empresas salvaguardar postos de trabalho.
O setor do turismo não sairá da crise da COVID-19 sem sequelas. Mas o turismo é um setor reconhecido pela sua resistência a recessões e crises económicas – recorde-se crise financeira global de 2008-2009. Como tal, o setor pode desempenhar um papel fundamental na recuperação da economia global, uma vez ultrapassada a crise provocada pela pandemia.
Devemos, no entanto, refletir na oportunidade que a perturbação provocada pela pandemia trouxe - temos uma oportunidade de “construir melhor” e alinhar a indústria para uma gestão mais sustentável, alinhada com os ODS, e transformar o turismo numa indústria mais inclusiva e resiliente que proporcione trabalho decente a todos os trabalhadores do turismo.