“O digital é uma área onde podemos ter vantagem de uma única regra para toda a Europa”
Simplificar as regras no espaço europeu, aumentar a literacia digital dos cidadãos para que a Europa se torne cada vez mais digital é um dos vetores estratégicos da Comissão Europeia. De acordo com o Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade (IDES) para 2017, a União Europeia tem apresentado progressos, mas ainda se verifica um grande fosso entre os países mais avançados e os países menos avançados a nível digital. Portugal está a meio da tabela.
A Comissão Europeia está empenhada em transformar o espaço europeu num espaço mais homogéneo, eficiente e competitivo em matéria digital. O Mercado Único Digital, onde os cidadãos, organizações e empresas podem tirar o máximo partido do digital, pretende terminar com as barreiras regulamentares, contribuindo assim com 415 mil milhões de euros por ano para a economia e para a criação de centenas de milhares de novos postos de trabalho.
As medidas que têm sido adotadas ainda não são suficientes e é preciso um maior investimento na rede digital na Europa e a aposta na criação de um enquadramento legal para que, finalmente, as barreiras existentes sejam eliminadas, defende Alexander Riedl, Deputy Head of Unit at European Comission, DG Connect, um dos oradores presentes na conferência Digital By Default, promovida pelo MUDA - Movimento pela Utilização Digital Ativa, no dia 21 de novembro, na Porto Business School.
“Na Europa temos demasiadas regras nacionais e seria muito mais simples se tivéssemos uma única regra europeia. E isto é muito relevante para as pequenas empresas porque as grandes empresas podem pagar a advogados e a especialistas para fazer negócios em 28 países diferentes e com 28 regras diferentes. Mas as pequenas empresas não podem. A área digital é realmente uma área onde podemos ver a vantagem de ter uma única regra para toda a Europa”, sugere Alexander Riedl.
Esse investimento, continua, tem de ser feito a vários níveis: literacia digital para os cidadãos, formação nas escolas e formação nas empresas. “Todas as escolas, instituições privadas ou públicas e escolas de negócio têm de participar nesta equação e, como escolas que estão em contacto com o mundo dos negócios, trazerem essas competências do mundo dos negócios, competências atuais, mas também futuras. Termos a certeza que estamos a investir no talento dos mais jovens, mas também nos menos jovens, para reciclar os seus conhecimentos. É preciso dar os incentivos certos para que as pessoas façam um esforço e evitem que seja tarde de mais e tenham as competências que não sirvam para a função que exercem”, sublinha o Deputy Head of Unit at European Comission.
De acordo com o Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade (IDES) para 2017, a União Europeia tem apresentado progressos, mas ainda se verifica um grande fosso entre os países mais avançados e os países menos avançados a nível digital. A Dinamarca, a Finlândia, a Suécia e os Países Baixos lideram o IDES deste ano.
Portugal está a meio da tabela, a ocupar o 15º lugar. O país melhorou a sua pontuação no índice IDES de 2017 em todas as categorias, com exceção dos serviços públicos digitais. Os maiores progressos registaram-se nos níveis de utilização de serviços de banda larga fixa e móvel, bem como na utilização das tecnologias digitais por parte das empresas, que apresentam elevadas taxas de utilização da tecnologia RFID e de partilha de informações, e também na utilização das redes sociais e da faturação eletrónica que registou um aumento significativo em 2016.
A melhoria dos níveis de competências digitais da população continua a ser o maior desafio de Portugal, porque apesar da percentagem de cidadãos portugueses que utilizam a Internet ter aumentado em relação ao ano anterior (68% em 2016), continua a ser bastante inferior à média da União Europeia (79%).
Alexander Riedl acredita que Portugal pode ter melhores índices de performance digital se “investir nas competências digitais, e isso significa competências digitais nos cidadãos, na força de trabalho, e na formação de mais profissionais de ICTS”.
Nova legislação para uma economia digital, menos burocracia e novas parcerias são fundamentais para que as transações na Europa se façam de forma mais simples e para que as empresas possam competir no mercado mundial.
“Os governos são tão burocráticos que, quando o Governo cria uma nova lei num novo local, o mundo já seguiu em frente. O que é que nós precisamos aqui? Precisamos de novas parcerias. O Governo pode ser um parceiro, mas não pode fazê-lo sozinho, as empresas não podem fazê-lo sozinhas, a sociedade civil não pode fazê-lo sozinha. Por isso é preciso identificar qual é o desafio a nível local, nacional, a nível europeu e juntar todos estes parceiros, não só para definir e identificar desafios, mas também para definir e construir soluções conjuntas”, conclui Alexander Riedl.