A indústria do vinho pode evocar paisagens bucólicas, mas é um setor de negócio significativo. O mercado do vinho está a mudar e representa, cada vez mais, um setor que movimenta milhões. O consumo mundial de vinho é estimado em cerca de 24 biliões de litros por ano e representa uma receita de 28,9 biliões de dólares.
Os mercados de vinho mais estabelecidos estão na Europa: Portugal, Itália e França têm o maior consumo per capita, com mais de 35 litros por pessoa por ano, em comparação com 23,9 para a Austrália, 9,9 para os EUA e 3,5 para a China. O negócio do vinho tem captado muita atenção dos investidores e dos agentes económicos em geral. Por vezes, a paixão e o encanto do vinho levam a que alguns destes agentes esqueçam a base: o negócio do vinho é um negócio.
De acordo com a AICEP, a aposta dos produtores portugueses na inovação, a par da modernização dos métodos de produção, tem proporcionado a criação de vinhos de elevada qualidade. A grande variedade de castas (cerca de 250) permite produzir uma diversidade de vinhos, marcados por características únicas, o que potencia a sua competitividade em nichos de mercado. Sendo um pequeno país com explorações de pequenas dimensões, Portugal é já o 11º produtor mundial e o 8º maior exportador, afirmando-se, cada vez mais, como um produtor de “vinhos diferentes”, mas de grande qualidade.
No âmbito do lançamento da primeira edição do curso Wine: Managing the Business, a Porto Business School organizou um webinar dedicado ao tema. António Braga, alumnus da Porto Business School e responsável pela gestão de várias adegas e marcas da Sogrape, lembrou que a capacidade de criação de novas competências é decisiva nesta área, através do ensino, que nos dá uma gama de recursos que prepara para o futuro.
José Teles, Administrador da Niepoort, referiu que, para além de o vinho estar na moda, hoje em dia todos temos condições para criar um bom vinho. E mais: “Portugal está no radar dos bons vinhos e cada vez produzimos com mais qualidade”.
Sobre o negócio do vinho, António Braga demonstrou que o trabalho conjunto dos enólogos com a equipa de marketing é decisivo: "Conseguimos identificar os espaços existentes no mercado, em conjunto com a equipa de marketing, perceber onde há margens de crescimento”. Aliás, precisamente o que aconteceu com o vinho Papa Figos, como explicou o enólogo.
3 segmentos de micro crescimento na indústria do vinho
Zachary Elfman, especialista em negócios e finanças, analisou o negócio do vinho a nível mundial e, no artigo Libation Frontiers: A Deep Dive into the World Wine Industry, definiu 3 segmentos em crescimento na indústria do vinho:
1 - Ramificações de espumante
O espumante é responsável por cerca de 10% da quantidade total de vinho produzido por ano globalmente, com a Europa a produzir 80% desse valor. Os maiores consumidores de espumante produzem a maior parte no mercado interno, deixando os Estados Unidos e o Reino Unido como os mercados importadores mais importantes. As vendas de outros espumantes têm crescido de forma surpreendente.
2 - Rosé na moda
O rosé representa outra categoria de grande crescimento, com comentadores da indústria a atribuírem a sua ascensão em grande parte às redes sociais e a sua história na glamorosa Riviera Francesa. As celebridades Brad Pitt e Angelina Jolie têm até uma vinícola rosé na Provença e Drew Barrymore tem uma na Califórnia. Compreende cerca de 10% da indústria mundial de vinhos, semelhante em tamanho ao espumante.
3 - Vinhos naturais, orgânicos e biodinâmicos
Há controvérsia sobre o segmento dos vinhos naturais, orgânicos e biodinâmicos, que às vezes é associado à tendência mais ampla de bem-estar no mundo ocidental, mas ainda representa uma percentagem muito pequena do mercado. No entanto, em França, as vendas de vinho orgânico aumentaram 20% nos últimos sete anos, em Itália está a crescer mais de 15% e os vinhos orgânicos representam um quinto do mercado de vinhos sueco.
4 drivers de mercado
Embora a qualidade represente o valor de um vinho, Zachary Elfman identificou 4 drivers de mercado essenciais no negócio dos vinhos:
1 - Escassez: uma garrafa de Romanée-Conti conseguiu alcançar preços astronómicos em parte devido ao seu valor de escassez, por ser feito de uvas de uma única vinha de apenas 1,8 hectares.
2 - História: assim como um histórico para gestores de ativos, produzir vinho de qualidade por um longo período de tempo dá ao mercado a confiança de que as novas safras atenderão a um certo padrão de qualidade.
3 - Críticas: são ainda uma das principais formas de dar a conhecer bons vinhos e não deve ser desvalorizada.
4 - Redes sociais e outras tendências: as redes sociais têm ajudado a impulsionar as vendas de alguns vinhos, mas há tendências que não devem ser ignoradas. Agricultura orgânica, preferência por produtos produzidos localmente e consciência dos produtos químicos também têm sido fatores decisivos.
Analisadas as tendências, é importante referir que as exportações totais de Vinho Português ultrapassaram os 820 milhões de euros em 2019, o que representa um crescimento de 2,5% face a 2018. Num dos mais importantes sectores de negócio em Portugal, o conhecimento é regra de ouro.
Já estão abertas as inscrições para o programa Wine: Managing the Business. O programa aborda todo o processo produtivo - da instalação de uma vinha ao consumidor final, temas de gestão empresarial, bem como um módulo específico dedicado ao negócio atual do Vinho.
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