O título é provocador e o assunto é sério. De acordo com o European Innovation Scoreboard (EIS) da Comissão Europeia, Portugal tem, entre outros aspetos, de melhorar o impacto comercial da inovação. Dito de outro modo, os esforços de inovação têm que se refletir em vendas adicionais ou incrementos de rentabilidade.
Inovação, tornou-se numa palavra quase sem sentido, quando todas as organizações se apelidam de inovadoras e quando o marketing chama inovação a uma nova cor do produto.
Qualquer atividade que envolva notas aderentes ou Post-its, de preferência de múltiplas cores, passou automaticamente a ser chamada de inovadora, criativa e até de cocriação, dando origem a boas fotografias que ficam ótimas nas redes sociais. Esta prática é conhecida como Innovation Teather, ou Teatro de Inovação na língua de Camões.
Vivemos tempos desafiadores, em que a realidade muda muito rapidamente. Lembram-se da inflação que era temporária há alguns meses e que agora está em 11.5% na média da União Europeia (dados Eurostat 17nov2022)?
Sim, a guerra na Ucrânia veio complicar a situação, mas já no início de janeiro, mais de um mês antes do início do conflito armado, a Associação Portuguesa da Indústria Cerâmica (APICER) advertia para “o perigo real de colapso estrutural do setor com muitas empresas atualmente paradas em virtude do custo da energia que, de janeiro a dezembro de 2021, subiu 300% na eletricidade e 400% no gás”. Apesar dos consumidores domésticos não terem sentido grandes aumentos nos custos de energia em 2021, os consumidores industriais viram os seus custos energéticos disparar, à semelhança de outros custos, como por exemplo, matérias primas ou transportes.
Num mundo incerto, onde a realidade está em permanente mudança, e o futuro é impossível de prever, a capacidade de obter resultados concretos dos esforços de inovação, sejam vendas adicionais, aumento de quotas de mercado, ou aumentos de margem, é crucial para as empresas.
A gestão de inovação é a área dentro da gestão que estuda o processo de inovação, assegurando que as organizações têm um motor de inovação capaz de transformar de um modo sistemático ideias em valor, no curto, médio e longo prazo.
Em inovação não existem ferramentas mágicas, como aqueles robots de cozinha que fazem sempre receitas ótimas, mas existem processos comprovados que permitem obter resultados concretos, assegurando o presente e o futuro das empresas.
Começamos por desenvolver uma estratégia de inovação alinhada com a estratégia da organização, clarificando o que é inovação para a organização, quais os objetivos dos esforços de inovação e o respetivo modelo de governação. Segue-se a criação de um pipeline e portfólio de projetos de inovação nas áreas de negócio principais, adjacentes e de exploração.
O processo de inovação, ou motor de inovação, sistematiza as atividades que são desenvolvidas em cada projeto, tendo em conta a área do mesmo. Sabemos hoje quais os tipos de liderança mais efetivos para cada tipo de iniciativa, bem como os perfis e traços de personalidade que são necessários nas equipas para diferentes fases dos projetos, pelo que é possível limitar o risco associado à inovação.
As organizações mais bem-sucedidas a realizar inovação radical, são as que têm processos de inovação mais estruturados. A inovação radical comporta mais risco e tem taxas de sucesso similares às das start-ups, pelo que os inovadores radicais desenvolveram processos ágeis e flexíveis que lhes permitem minimizar o risco e maximizar a aprendizagem (learn fast).
É difícil uma empresa tornar-se um bom inovador radical, mas é relativamente fácil tornar-se um bom inovador incremental, enquanto desenvolve as competências que necessita para a inovação radical.
A implementação de um sistema de gestão de inovação é um processo rápido e iterativo, que permite obter resultados concretos em poucos meses.
Se está insatisfeito com os resultados que está a obter dos seus esforços de inovação, talvez seja a altura de dedicar atenção à gestão da inovação.
A Porto Business School incluiu na sua oferta de programas de Formação para Executivos um programa em Gestão da Inovação, cuja primeira edição se realiza já em janeiro 2023.
Contamos consigo?
Artigo de Paulo Malta, Diretor do Open Executive Programme em Gestão da Inovação