Como se alcança o sucesso na carreira profissional sem se abdicar da vida familiar? Como podem as mulheres afirmar-se em cargos de topo quando ainda se veem praticamente rodeadas de homens? E que benefícios traz a diversidade à gestão das empresas? A Grande Conferência “Liderança no Feminino”, promovida pela Revista Executiva, e que decorreu na Porto Business School, convidou 14 líderes executivas de grandes empresas a responder a estas e outras questões. Elas fizeram-no e inspiraram uma sala cheia de jovens mulheres a seguir-lhes as pisadas.
Querer ser mãe, esposa e ter uma carreira de sucesso, em simultâneo, pode afigurar-se uma montanha difícil de subir para muitas mulheres, mas os desafios surgem para ser superados. Este é o lema que une as 14 líderes que se reuniram no auditório Sonae, na Porto Business School, no passado dia 9 de maio, para a Grande Conferência “Liderança no Feminino”. As 14 CEOs, diretoras, empresárias, professoras e líderes de empresas como a Castelbel, a Parfois, a Natixis, a Nors, a Crispim Abreu, a Sogrape e a própria Porto Business School partilharam os seus conselhos e experiências. O resultado foi uma sessão recheada de exemplos inspiradores e conselhos muito úteis.
O dean da Porto Business School, Ramon O’Callaghan, aproveitou o discurso com que deu início à conferência para alertar para um dos temas que viria a estar em destaque em todos os painéis: a importância da diversidade, não apenas de géneros, mas de experiências de vida, na gestão das empresas: “Num mundo de negócios que se define pela complexidade, disruptividade e mudança, as empresas mais bem-sucedidas são aquelas que trazem perspetivas diferentes e experiência a cada novo desafio. É muito importante que se olhe para os desafios que as mulheres enfrentam e que se possa abrir caminho para que líderes femininas dinâmicas e talentosas possam chegar ao topo”.
Margarida Pedrosa não podia estar mais de acordo. Docente, alumna e uma das fundadoras do Clube Women in Business (WiB) da Porto Business School, a diretora-geral da MBA Consultores foi moderadora de um dos painéis da conferência. Na sua intervenção, reforçou o papel preponderante da Porto Business School, onde se formam tanto homens como mulheres para cargos de chefia, e também a relevância das iniciativas promovidas pelo Clube WiB: “Sempre defendi que as lideranças, no feminino ou masculino, partem muito da forma como refletimos sobre nós próprios. Temos a perfeita noção de que há um contexto específico em relação às mulheres que querem desempenhar cargos de liderança e que passa por questões como a autolimitação. Têm de refletir, tomar as suas próprias decisões e pilotar o seu próprio processo”, partilhou, alertando que será precisamente para ajudar as mulheres a preencher estas lacunas no exercício do seu papel de líderes, que o Clube WiB vai levar a cabo um workshop dedicado ao tema da liderança feminina, durante o segundo semestre do ano letivo.
Quanto mais diversas e inclusivas forem as empresas, melhor
A diversidade na gestão não deve limitar-se à inclusão de homens e mulheres, mas, acima de tudo, à inclusão de diferentes backgrounds educativos, culturais e étnicos. Na área das tecnologias de informação e comunicação, setor ainda maioritariamente dominado por homens, a Natixis afirma-se como um farol de mudança, com Nathalie Risacher a assumir o papel de líder: “Acredito que é através da diversidade que vamos levar a empresa e a sociedade a alcançar um mundo melhor. Em Portugal, sinto que o facto de ser mulher é uma limitação, ao contrário do que já senti nos EUA. Precisamos que mais homens se juntem na promoção da diversidade de género.”
Ana Salomé Martins, diretora de Comunicação e Pessoas do grupo Nors, empresa associada da Porto Business School, também frisou a necessidade de as mulheres criarem, desde muito cedo, “espaço na vida pessoal para a ambição profissional, apostando em projetos diferenciadores que permitam ganhar conhecimento e notoriedade na organização, e explicitando a ambição que têm em relação à liderança".