Os Zs sucedem aos Millennials, duas gerações que têm em comum a constante ligação à tecnologia. É grande a expectativa nesta nova geração, mais autodidata, criativa e preocupada em solucionar problemas ambientais e sociais através dos negócios.
Quais são os motivos para criar o próprio negócio? Muitos. A falta de oportunidades, a procura da realização pessoal, a concretização de um sonho ou simplesmente não querer dar satisfações a um superior.
Estamos perante uma nova geração de empreendedores, a Geração Z, que sucede à geração dos Millennials. Mas quem são os mais empreendedores? A resposta não é consensual sobre este tema, mas uma coisa é certa: os hábitos de consumo, o comportamento e a atitude perante a vida e o trabalho é diferente nestas duas gerações.
A Geração Z, que começa agora a ver os primeiros jovens nascidos entre 1994 e 2009 a entrar no mercado de trabalho, é conhecida pela geração dos “fazedores”, dos autodidatas, dos nativos digitais que cresceram no mundo da tecnologia, mas também uma geração com grandes desafios pela frente, em plena crise política e económica.
“O facto de serem indivíduos curiosos, criativos, querem fazer-se ouvir, é uma oportunidade para as grandes empresas, tão necessitadas de intraempreendedorismo e inovação aberta”, explica André Jacques, Chief Marketing Officer (CMO) da Porto Business School (PBS). Existe uma grande expectativa nos jovens Z, que usam o empreendedorismo e as ideias de negócio para solucionar problemas e capazes de provocar mudanças sociais, a vários níveis, do ambiente à desigualdade social.
Os Zs sucedem aos Millennials da Geração Y, nascidos entre 1980 e 1996, cujas prioridades diferem das gerações anteriores: preferem arrendar a comprar casa, privilegiam as experiências à compra de produtos, o emprego já não é para a vida e estão sempre à procura de novas oportunidades.
Na opinião de André Jacques, os Millennials serão a geração dominante, “os heróis” por serem mais autoconfiantes e assertivos, enquanto os Zs tendem a ser “mais sensíveis e indecisos”, são “mais protegidos porque vivem numa bolha de proteção dos pais”, mas ao mesmo tempo são “muito pragmáticos e impressionam-se pouco com títulos, daí até encontrarmos cada vez adolescentes a questionar se efetivamente merece a pena frequentar o ensino superior ou ir direto para o mercado de trabalho”, sustenta.
O responsável pela estratégia de marketing da Porto Business School acredita que estamos perante a repetição de comportamentos que se verificam de forma cíclica, ao longo de mais de cinco séculos. Portanto, “os Millennials são idênticos à GI Generation / Geração da II Grande Guerra e os Zs serão idênticos à geração silenciosa, que viveu subjugada aos anteriores e ao baby boomers, que se seguiram”, explica.
Y ou Z, quem são os mais empreendedores?
Tantos os Millennials como os Zs procuram autonomia no mundo laboral e, por isso, avançam, muitas vezes, com negócios por conta própria. A expectativa é grande relativamente aos Zs como empreendedores. Estaremos perante a geração mais empreendedora que até então conhecemos? Um estudo da consultora internacional Universum a 50 mil adolescentes, de 45 países, revela que 55% tem interesse em criar a sua própria startup.
"Ambas as gerações, a Y e a Z, são muito mais empreendedoras do que qualquer outra geração anterior", afirma o CMO da Porto Business School, “porque têm uma perspetiva da vida muito mais desprendida, sendo capazes de consumir mais, mas ter menos, viver mais, mas com menos raízes que os prendam a um sítio, seja porque estão predispostos a ter mais empregos ao longo da vida, viver em sítios diferentes e a aceitarem muito mais outras culturas”. Por isso, acredita “têm muito menos aversão ao risco. Têm muito mais capacidade de se reinventar. São curiosos, experimentam e, se não der, partem para outra”.
Se os Millennials têm a autoconfiança e a assertividade a favor, os Zs têm um conhecimento mais abrangente, o que lhes dá maior agilidade e flexibilidade para dar resposta aos desafios que a mudança atual exige. São também mais capazes de criar e analisar cenários futuros diferentes e resolver problemas complexos, pela sua capacidade de busca e acesso a informação, analisa André Jacques.
Os jovens da Geração Z, na qual estão depositadas muitas expetativas, são mais cooperativos, logo têm uma maior capacidade de trabalhar em rede, em equipas multidisciplinares e multiculturais, aliando a isto um grande sentido de responsabilidade, comunidade e altruísmo, o que poderá ajudar a resolver alguns dos problemas da humanidade, tal como a sua sustentabilidade ambiental e social. “Tudo isto com uma capacidade criativa muito própria de uma geração artista”, conclui.
Como lidar com esta nova geração de empreendedores?
Os nativos digitais, sempre ligados e com presença assídua nos canais digitais, têm várias referências, entre as quais as celebridades das áreas da música, das artes ou do desporto. “A forma mais eficaz de chegar à Geração Z é através daqueles que os influenciam, das suas referências”, sustenta André Jacques, que podem ser youtubers, instagramers, snappers, djs no soundcloud, ou seja, “outros como eles”.
Não faltam exemplos de jovens que se popularizaram na Internet, como Justin Bieber, que foi descoberto no Youtube quando tinha apenas 10 anos, Alonso Mateo, um dos influenciadores de moda no Instagram que ficou conhecido com apenas cinco anos, ou Thomas Suarez, que aos 12 anos fez uma TED Talk sobre como desenvolver aplicações, tendo ele próprio criado vários casos de sucesso. “O grande desafio das marcas será, portanto, como chegar ao seu público-alvo através das suas redes de influenciadores / curadores”, argumenta o responsável de marketing da Porto Business School.