No dia 26 de novembro a Porto Business School acolheu um grupo de 39 alunos do MBA executivo, da EPFL - École Polytechnique Fédérale de Lausanne, Suíça. Esta visita foi dedicada em exclusivo ao tema da Inovação orientada para a Sustentabilidade – o contexto que vivemos, os desafios e oportunidades de negócio rumo a um futuro mais sustentável.
A Inovação orientada para a Sustentabilidade integra os programas de MBA da Porto Business School e revela-se vital para superar os desafios e ameaças que enfrentamos enquanto Humanidade e que fazem da Sustentabilidade o tema mais importante e urgente da Agenda global.
Rui Coutinho, docente convidado da Porto Business School e especialista em inovação foi o keynote speaker da sessão, deu início à palestra “Sustainability-Driven Innovation”, recordando as palavras de Jack Welch, CEO da General Electrics durante três décadas, “se a taxa de mudança exterior exceder a taxa de mudança interior, então o fim está próximo”. Nesta altura a mudança era lenta ao contrário do cenário atual, onde a velocidade da mudança é exponencial; a 4ª Revolução Industrial distingue-se pela rapidez da mudança: não se distingue pelo facto de os humanos serem substituídos pela tecnologia.
Apesar das desigualdades sociais, económicas, políticas e geográficas que ainda marcam a nossa comunidade global, “estamos a viver o melhor dos tempos”, afirma Rui Coutinho. Atualmente morrem mais pessoas de obesidade do que de fome. Temos mais pessoas a sofrer de doenças mentais causadas pelo stress e excesso de trabalho do que pessoas a sofrer de doenças causadas por condições sanitárias deficitárias. Se compararmos a atualidade com a época da 1ª Revolução Industrial, vivemos um momento extraordinário, com exceção de um indicador – o ambiente.
Os maiores desafios do mundo contemporâneo
O Dia Internacional da Mãe Terra foi assinalado no dia 22 de abril em reconhecimento da Terra como o lar da humanidade e da necessidade de proteger as pessoas, combater as alterações climáticas e parar o colapso da biodiversidade. “Restaurar a Terra” foi o tema de 2021. Na sua mensagem, António Guterres, Secretário-geral das Nações Unidas, chamou a atenção para os desafios que temos pela frente.
A Humanidade continua a abusar dos recursos do mundo natural. Os ecossistemas e as cadeias alimentares vitais estão à beira do colapso. Perante a urgência de garantir um futuro sustentável, é inevitável adotar uma ação climática concertada:
• Para evitarmos a subida da temperatura global da Terra em 1,5ºC;
• Para nos adaptarmos às mudanças que virão;
• Para protegermos a biodiversidade;
• Para reduzirmos a poluição, contribuindo com economias circulares.
Investir numa ação climática concertada é o caminho para proteger a Terra e proporcionar a criação de milhares de novos empregos. Perante uma realidade de consumo desenfreado, Rui Coutinho sublinha que estamos perante “uma emergência climática; a Natureza está a colapsar e os nossos ecossistemas a falhar”.
Ativistas, como Greta Thunberg, põem o dedo na ferida ao chamar a atenção para o facto de os políticos estarem a falhar, enquanto o escrutínio da sociedade civil continua a crescer. A esta realidade de frustração juntam-se os índices de confiança mais baixos de sempre.
O “Edelman Trust Barometer” de 2021 aponta para uma epidemia de desinformação e proliferação da falta de confiança nas instituições sociais e respetivos líderes. Verifica-se ainda um ecossistema de confiança num estado de falência amplificado pela pandemia, onde empresas, governos, ONGs e comunicação social tentam recuperar a confiança da sociedade civil.
Segundo o “Edelman Trust Barometer”, é evidente a queda acentuada dos níveis de confiança nas duas grandes economias: China (30%) e EUA (40%). Este decréscimo é ainda mais acentuado entre os seus cidadãos; com os EUA a registar uma queda adicional de 5 pontos após a eleição presidencial de 2020, e a China uma queda de 18 pontos desde maio de 2020.
Como podemos superar estes desafios?
À escala e velocidade com que necessitamos da transformação para um futuro mais sustentável, a inovação é a palavra-chave. Os negócios têm de mudar; o lucro não pode mais ser compreendido como um fim em si mesmo. Deve ser compreendido e gerido enquanto um meio para a inovação e um futuro mais sustentável.
“Precisamos de um futuro melhor para todos”, sublinha Rui Coutinho. Criar uma economia verde, mais sustentável, justa e inclusiva não deve ser considerada antítese do negócio.
Criar um futuro mais sustentável para todos abre portas a novas oportunidades de negócio:
1. A mudança de comportamentos dos consumidores: atualmente querem que a sustentabilidade se torne uma realidade e estão a alterar os seus comportamentos. E em algumas situações os consumidores não se importam de pagar mais.
2. Talento: vivemos uma guerra pelo talento na Europa e Estados Unidos da América, pois o talento escasseia. As empresas estão empenhadas em captar e reter talento. Os colaboradores preferem empresas que tenham um propósito, ética e valores muito claros e cuja atividade tenha um impacto positivo real.
3. Economia verde é um bom negócio: tornar realidade os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (SGDs) traduz-se numa área de negócio de 20 triliões de dólares. E nesta perspetiva o Acordo Verde Europeu (ou Pacto Ecológico Europeu) é o centro da recuperação económica pós-pandemia, onde o digital apoia e concretiza a transição verde, catalisando a preservação dos ecossistemas, neutralidade carbónica, agricultura sustentável, economia circular e energias limpas.
4. Financiamentos mais baratos: no contexto do investimento sustentável o acesso a capital é mais barato. Os fundos ESG são um exemplo de investimento sustentável; alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Fazer melhor e fazer o bem é um modelo de negócio possível para um futuro sustentável. A transição não é fácil e poderá implicar requalificação da mão-de-obra, flexibilidade e adaptabilidade. Para que esta transição seja um processo justo para as empresas e colaboradores, as políticas públicas têm um papel fundamental. Trabalhar em rede é vital para alcançar a tão desejada sustentabilidade para todos. Isto significa colaborar numa lógica de transformação sistémica.