Esporão é o maior proprietário de vinha biológica em Portugal e um dos maiores do mundo
Na rubrica desta semana sobre desenvolvimento sustentável, partilhamos o caso do Esporão, uma marca que nasceu com a produção de vinhos no Alentejo e expandiu o seu território e produtos, sempre com uma preocupação ecológica. Com uma aposta na adoção de melhores práticas agrícolas, na gestão de recursos mais eficiente e na diminuição de impactos ecológicos e ambientais, a marca orgulha-se de ter a maior área de vinha biológica em Portugal.
Nas planícies do Alentejo nasceu uma das marcas mais conceituadas na produção de vinhos: o Esporão. Ao longo dos anos, a marca foi inovando e diversificando os seus produtos e territórios. A marca investiu cerca de 3,2 milhões de euros em novas instalações de produção de azeite na Herdade do Esporão, para atingir novos níveis de qualidade, produtividade e capacidade num setor em franco desenvolvimento e crescimento.
Na produção de vinho, o grupo adquiriu mais terrenos no Norte do Alentejo, em Portalegre, em altitudes mais elevadas, para plantação de novas vinhas como forma de dar resposta às necessidades de adaptação às alterações climáticas. A marca investiu ainda na região do Douro, onde começou a produzir vinhos em 2007 na Quinta dos Murças e apostou ainda na reconstrução do património da família transformado num espaço de turismo de alojamento.
Ao longo dos anos, o Esporão tem assumido de “compreender as raízes da cultura e das comunidades onde estão inseridos”, sempre com a preocupação de proteger o património comum, como é o caso do património histórico da Herdade do Esporão e do campo arqueológico dos Perdigões, sempre co m “um papel ativo na geração de valor para os dias de hoje e para as gerações futuras”, explica Nuno Oliveira, Gestor de Ecossistemas na Esporão, SA.
Porque para a marca o negócio só faz sentido se a empresa estiver ao serviço da sociedade, em cooperação com entidades que apoiam ou promovem a sustentabilidade e “isso vai muito para além da relação produtor-consumidor, requer uma visão de coevolução entre vários elementos com diferentes escalas sociais e económicas, como ONGs locais, academia, entidades públicas ou redes internacionais de empresas”, continua Nuno Oliveira.
. Visão estratégica rumo à sustentabilidade
Com uma visão estratégica de sustentabilidade bem definida, existem três momentos decisivos na evolução da marca Esporão.
O primeiro momento aconteceu ainda nos anos 80 com a criação da marca Monte Velho como uma forma de dinamização de um ecossistema de produtores com uma identidade própria de uma região que, na altura ainda, não estava ‘no mapa’ como referência mundial de vinhos de qualidade.
Isto veio trazer uma nova forma de evolução partilhada entre pequenos e grandes produtores igualmente centrados com o objetivo de elevar o perfil socioeconómico e cultural (e em tempos mais recentes também ambiental) dos vinhos do Alentejo, com ampla disseminação de conhecimentos técnicos centrados em boas práticas agrícolas, de uma melhor compreensão das dinâmicas dos mercados e da capacidade de mobilização da marca em torno de causas e interesses comuns.
Uma década depois, nos anos 90, iniciou-se um novo processo de (re) definição das castas de vinha melhor adaptadas ao clima e ao território, que atraíram um leque mais alargado de consumidores, assim como a adoção de métodos de produção mais sustentáveis, novas formas de produzir vinhos mais interessantes, com menos recursos naturais e menores impactes ambientais, “algo que se tornou essencial no nosso modelo de negócio e tem vindo continuamente a ser melhorado”, explica o Gestor de Ecossistemas na Esporão, SA.
Com a chegada do novo milénio a Esporão consolidou “a aprendizagem contínua, da partilha de valores, da aposta na qualidade associada a efeitos positivos no ambiente e sociedade e com uma forma de comunicar com as nossas partes interessadas mais aberta, franca e disponível”, como adianta Nuno Oliveira.
O caminho rumo a um negócio cada vez mais sustentável começou na década de 80, mas a grande viragem deu-se em 2007 com a construção do primeiro plano de sustentabilidade como forma de dar resposta ao desafio europeu para travar a biodiversidade. Neste contexto surgiu a aposta na agricultura biológica com o objetivo de produção vinhos e azeites “mais saudáveis, quer para o ecossistema como para as pessoas e a sociedade”.
O investimento na última década deu frutos e, em grande parte devido ao plano estratégico a três anos rumo à sustentabilidade iniciado em 2015. Atualmente, o Esporão é o maior proprietário de vinha biológica em Portugal e um dos maiores do mundo, com mais de 500 hectares de vinhas e 80 hectares de olival sob gestão e certificação de Modo de Produção Biológica, “o que representa um maior compromisso com a qualidade de nossos solos, plantas, frutas e produtos”, sustenta Nuno Oliveira.
Num futuro próximo, a marca conseguirá atingir o objetivo da Herdade do Esporão 100% certificada em agricultura biológica. Para o final de 2017 está previsto o início de um novo plano estratégico a três anos onde a dimensão da sustentabilidade estará cada vez mais transversalizada e presente em todas as áreas da organização. “A nossa visão é de que todos os departamentos trabalhem, conjuntamente, para a sustentabilidade como uma forma de estar na vida, nos negócios e na sociedade”, continua o responsável de Ecossistemas na Esporão, SA.
. Impacto das medidas
A aposta contínua no desenvolvimento de melhores práticas agrícolas, de gestão de recursos que resultam na diminuição de impactos ecológicos e ambientais trouxe resultados positivos para a marca.
Os bons indicadores confirmam a “vontade e necessidade de continuarmos a reforçar a cultura de sustentabilidade que já nos caracteriza”, é a “garantia de que o Esporão tem a resiliência necessária para sobreviver e prosperar com as diferentes transformações económicas, sociais e ambientais globalmente em curso”, assegura Nuno Oliveira, Gestor de Ecossistemas na Esporão, SA.
Na última década, a marca destacou-se por ter a maior área de vinha biológica de Portugal, pela diminuição da pegada de carbono através da melhoria dos seus componentes, pela redução do consumo de água para metade na produção de vinho com um plano ambicioso de de gastar somente um litro de água por cada litro de vinho produzido, na produção mais eficiente de energia (metade da energia consumida é captada pela energia solar), pela redução do consumo de energia por caixa vendida em 2017 em pelo menos 15% e ainda pela reutilização dos resíduos orgânicos da produção, diminuindo drasticamente os não orgânicos.
O futuro da marca passa pelo reforço da aposta numa “visão mais alargada e integradora do que é ou poderá ser a agricultura biológica, onde existe espaço para a inovação em produtos e serviços, ligando os pontos entre o território e o mundo digital, sempre com a ambição maior de sermos geradores e promotores de valor económico, social, ambiental e cultural”, continua Nuno Oliveira.
“A maior realização foi termos construído uma empresa onde temos orgulho em trabalhar, uma cultura de qualidade e responsabilidade que permitiu ganhar a confiança das pessoas, ter sucesso no mercado e olhar para o futuro com esperança”, conclui Nuno Oliveira.
ESPORÃO: SUSTENTABILIDADE EM NÚMEROS
Maior área de vinha biológica em Portugal;
500 hectares de vinha e 80 hectares de olival certificados em modo de produção biológico;
15% da redução do consumo de energia por caixa vendida em 2017;
Diminuição da pegada de carbono;
Reutilização dos resíduos orgânicos usados na produção;
Redução de 50% do consumo de água;
Poupança de 11 milhões de litros de água por ano desde 2010;
Metade da energia consumida é captada pela energia solar.