A primeira convidada especial do nosso Executive Edge Talks, Akila Grewal, Partner na Apollo Global Management, partilhou insights sobre o crescimento acelerado do crédito privado e o seu impacto nas finanças globais.
Durante a conversa, Akila Grewal partilhou estratégias de gestão de risco, liderança de equipas diversificadas e desenvolvimento de competências essenciais, trazendo conselhos valiosos para investidores e futuros líderes em finanças que aspiram a um MBA.
O crédito privado tem registado um crescimento relevante na última década. Na sua opinião, quais são os fatores mais importantes a impulsionar esta evolução e como prevê que o papel do crédito privado se transforme no ecossistema financeiro global nos próximos anos?
AG: Em primeiro lugar, trabalho na Apollo, uma gestora de ativos avaliada em 700 mil milhões de dólares. Muitas vezes, as pessoas associam a Apollo ao private equity, dado o peso desta área no início da nossa atividade. Contudo, atualmente, a maior parte dos nossos ativos está na área de crédito e crédito privado, com cerca de 550 mil milhões dedicados a este segmento. Isso reflete o crescimento do mercado de crédito privado, que, enquanto categoria de ativos, acreditamos ser muito maior do que tradicionalmente se considera. Por vezes, ouve-se falar de um mercado de 1,5 biliões de dólares, mas, na nossa visão, este pode ascender a 40 biliões, abrangendo vários tipos de crédito, desde financiamentos para empresas e patrocinadores, até créditos garantidos por ativos, financiamento de equipamentos, aeronaves e crédito de qualidade superior. Este mercado, a nosso ver, está significativamente subestimado e continuará a expandir-se. Por exemplo, em 2008, havia 8 mil empresas públicas nos EUA; hoje, são apenas 4 mil. Assim, cerca de 85% a 90% da economia dos EUA é privada—a tendência aponta para um mercado cada vez mais diversificado e exigente.
Com a sua experiência em estratégias de gestão em diferentes plataformas de crédito, quais são as melhores práticas que os investidores e instituições podem adotar para enfrentar períodos de incerteza ou volatilidade nos mercados de crédito?
AG: É crucial que os investidores compreendam que nem todos os riscos são iguais. Saber exatamente o tipo de risco que se está a assumir e como ele está estruturado faz toda a diferença. Por exemplo, alguns gestores de crédito privado focam-se em riscos subordinados, como mezzanine, que tendem a apresentar maior volatilidade em cenários económicos adversos. Já gestores que privilegiam créditos mais seguros, no topo da estrutura de capital, experimentam menor volatilidade, com potencial para retornos superiores em períodos de crise. O meu conselho é: invistam tempo a analisar o tipo de risco que estão a assumir e, em momentos de incerteza económica, concentrem-se em áreas menos arriscadas da estrutura de capital, construindo um portefólio mais resiliente.
Lidera uma equipa global de profissionais em diversas classes de ativos. Quais são as estratégias de liderança mais eficazes que encontrou para gerir e inspirar uma força de trabalho diversificada, especialmente num setor tão dinâmico como o financeiro?
AG: A minha equipa, espalhada por Hong Kong, Singapura, Londres, Nova Iorque e Los Angeles, é diversificada em termos de culturas, gerações e géneros. Para mim, liderar pelo exemplo tem sido fundamental. Dedicação, capacidade de priorizar e saber onde concentrar esforços são características que ganham respeito. Como líder, faço questão de compreender onde cada membro está na sua trajetória profissional, quais são os seus objetivos, e ofereço apoio para alcançar o próximo passo. Criar autonomia é essencial—quando confio no trabalho de alguém, permito que tome decisões independentemente. Isso não só evita bloqueios, como distribui o mérito pelo trabalho. Para mim, o sucesso está em delegar responsabilidades, orientar quando necessário e ajudar a definir prioridades.
Como alguém que construiu uma carreira bem-sucedida em várias empresas financeiras de destaque, que conselhos daria a estudantes de MBA que aspiram a funções de liderança no setor financeiro, especialmente em gestão de produtos e formação de capital?
AG: Não há um caminho único para o sucesso. Na minha experiência, o mais importante é dominar os fundamentos do setor em que se trabalha. O MBA é uma ótima base, proporcionando conhecimentos sólidos em finanças, economia, marketing e comunicação, que devem ser complementados com experiência prática. Esta experiência pode ser adquirida em funções desafiantes, mas também através de networking. O meu conselho é: procurem mentores e oportunidades para construir relações. Embora a competência técnica seja essencial, o desenvolvimento de liderança exige competências mais amplas, como comunicação, julgamento e a capacidade de navegar por diferentes desafios e ambientes.
Entrevista com Akila Grewal, Partner na Apollo Global Management.