Economia circular: "O modelo de servitização terá um grande impacto na economia global"
A lógica da gestão de recursos, que está na base da economia circular, é um fator de competitividade e inovação das empresas que querem destacar-se nos mercados globais.
A economia circular é encarada como uma alternativa para as empresas que querem distinguir-se no mercado pela inovação, competitividade e sustentabilidade dos negócios, em todos os setores.
Na opinião de Mark Esposito, professor convidado da Porto Business School e especialista em estratégia socioecónomica que, nos últimos anos, tem desenvolvido trabalhos de consultoria em áreas como a sustentabilidade, economia circular e competitividade, embora não haja uma relação direta entre a crise financeira e a economia circular, o facto é que “as nossas economias tornaram-se mais recessivas e têm certamente empurrado algumas organizações a tornarem-se mais frugais, acentuando o nexo entre frugalidade e circularidade”. Por isso, “a necessidade de otimizar recursos é um princípio económico clássico e a mudança para a economia circular pode ajudar nesse processo de eficiência/otimização de recursos”, sustenta.
Assente numa lógica de gestão de recursos, a economia circular é um modelo essencial na estratégia de sustentabilidade e constitui um fator catalisador para a competitividade e inovação das empresas. Os modelos circulares permitem não só tornar as empresas mais competitivas, como melhorar os seus índices de produtividade. “Países que podem mudar alguns de seus modelos industriais e projetos para modelos mais circulares, são capazes de obter mais por menos e reduzir os seus custos de produção”, analisa o professor.
São vários os desafios que os modelos da economia circular trazem ao nível da volatilidade no preço das matérias-primas e da limitação dos riscos de fornecimento e das relações com o cliente, programas de retoma e novos modelos de negócio. “Na economia circular a tendência é para diminuir a volatilidade, porque o preço das matérias-primas pode baixar devido à diminuição das exigências, já que os materiais tendem a ser reutilizados na cadeia de valor. Portanto, tem muito a ver com modelos de negócios e inovação em modelos de negócios, a capacidade de produzir de forma inovadora, sobre a forma como criamos e geramos valor hoje”, adianta Mark Esposito.
Considerado um dos líderes emergentes do pensamento de amanhã com maior probabilidade de reinventar o capitalismo, de acordo com Thinkers50, em 2016, Mark Esposito acredita que é possível fazer avanços importantes na economia, do fabrico à inovação. “Acho que podemos inspirar várias empresas em todo o mundo a mudar para o modelo de “servitization” um modelo de negócio de fabrico no qual é pago o resultado e não o produto, em vez da mera produção e isso teria um grande impacto na economia global, mas não seremos capazes de mudar todo o sistema a curto prazo”, conclui Mark Esposito.