A multidisciplinaridade das equipas – pessoas diferentes com comportamentos, percursos, aspirações, paixões e inspirações diferentes – é um ativo fundamental para o sucesso de um projeto. Além disso, é no meio da diversidade que, hoje em dia, se trabalha a inovação.
Rui Quinta, cofundador e managing partner da With Company, foi o orador da Masterclass “Designing the ways we design everything”, promovida pela Porto Business School no dia 15 de dezembro.
Designer de formação, Rui Quinta assume-se um apaixonado por design editorial, tipografia e desenho de identidade, e um empreendedor desde os seus vinte e poucos anos.
O cofundador da With Company confessa que, depois de entregar os projetos aos seus clientes, ficava sempre com muitas perguntas sem resposta. Será que funciona? Será que estão a vender mais? Será que tem realmente impacto na marca?
Todas estas questões na mente de Rui Quinta foram adquirindo forma, pois o próprio acredita que “o design não é só visto como algo que pretende desenhar algo do ponto de vista estético”. E acrescenta que “na verdade hoje desenhamos negócios, desenhamos serviços, desenhamos sistemas, desenhamos processos e a palavra design vive no início destas coisas todas”.
Rui Quinta falou também sobre a Peixaria Centenária, uma herança transformadora de um negócio de família – das famílias do Rui, do Filipe e da Joana. Porquê é que se aventuraram neste negócio? Fartaram-se de ouvir “não é possível reinventar este negócio” e aperceberam-se que não existem peixarias de rua na capital e que nenhuma marca estava a comunicar para as camadas mais jovens.
O blog Fishing for ideas, com quase dez anos, foi criado pelo Rui e pelo Tiago para documentar todas as etapas do projeto da Peixaria Centenária. E através do blog criaram uma rede de contactos de especialistas nas mais diversas áreas. Ao projeto juntaram-se, por exemplo, um especialista em finanças, outro em qualidade alimentar e outro em marketing, que contribuíram com a sua experiência e conhecimentos.
Apesar do sucesso da Peixaria Centenária, e quase dez anos depois, este é mais um ciclo que chega ao fim: uma mistura de novas metas e desejos; incertezas do presente e futuro; e alguma exaustão.
Nesta masterclass, Rui Quinta falou de processos, que estabelecemos para desenhar qualquer coisa (um espaço, um serviço, um produto) e de forma, ou seja, como fazemos para chegar às soluções que pretendem resolver problemas complexos.
Para concluir, Rui Quinta partilhou os seis princípios de abordagens de projetos adotados pela With Company:
1. “Design from people”: independentemente do projeto, serviço ou produto, é essencial desenhar a partir do comportamento dos indivíduos ligados ao projeto.
2. “Design the ways”: a predisposição para a inovação é fundamental. É vital “querer fazer coisas diferentes”, mas por vezes a ideia do projeto é genial, mas ninguém a compreende a visão; estamos no domínio da latência na inovação. Por isso, é fundamental desenhar o caminho até à visão.
3. “Design the middle”: quando o objetivo é desenhar, por exemplo, um serviço, um produto, ou um espaço para duas “personas” completamente distintas (por exemplo, criar um consultório que será usado por médicos e pacientes). E esse espaço tem de servir estas duas “personas” (em certa medida, tem de ser um meio termo).
4. “Design from ingenuity”: é importante libertarmo-nos de ideias estereotipadas, preconceitos. É importante ser capaz de olhar para o projeto “pelos olhos de uma criança”.
5. “Design with everyone”: desenhar com toda a comunidade (clientes, equipa responsável pelo projeto, investidores, fornecedores, por exemplo), ou seja, é vital desenhar o projeto com todos os que “habitam o ecossistema”.
6. “Design inconsistencies”: “desenhar coisas (projetos, serviços, produtos) muito mais adaptáveis a nós que somos previsivelmente irracionais" (tal como diz Dan Ariely, autor do livro “Previsivelmente irracional”).