Luís Miguel Lourenço, alumnus da Porto Business School, é um farmacêutico e gestor com uma carreira marcada por desafios e conquistas significativas no setor farmacêutico. A sua jornada profissional reflete não apenas um compromisso com a inovação e a saúde pública, mas também uma dedicação à formação contínua e ao desenvolvimento de competências na área da gestão. Neste artigo, Luís partilha a sua história e as suas perspetivas sobre o futuro da profissão.
Em primeiro lugar, como surge o seu interesse pelo setor farmacêutico?
LML - O meu avô era farmacêutico e, até à minha adolescência, passei parte das minhas férias na sua farmácia em Lisboa. Lembro-me de seguir atentamente a preparação de medicamentos e sentir o quanto os farmacêuticos ajudavam os utentes nas mais variadas situações. Não sei se por isso, se também por ter uma curiosidade pela química (recordo que os meus pais chegaram a oferecer-me um estojo de química, pois frequentemente fazia experiências com detergentes lá em casa), acabou por ser natural abraçar a profissão farmacêutica.
Como foi o seu percurso profissional até hoje?
LML - Depois de concluir o curso de Ciências Farmacêuticas na Universidade do Porto, fiz um estágio na Organização Mundial de Saúde (OMS), em Genebra, focado na Tuberculose. Após isso, voltei para Lisboa para ajudar o meu avô na farmácia. Durante 7 anos, fui aprendendo várias funções, desde a gestão de equipa até a gestão financeira. Em 2014, após a reforma do meu avô, modernizamos a farmácia, introduzindo novas tecnologias e serviços, como um robô de armazenamento de medicamentos, 3 gabinetes de atendimento personalizado, a Política de Responsabilidade Social e uma Unidade de Investigação e Desenvolvimento. Em 2019, expandimos com a aquisição de mais farmácias, formando o Central Pharma Group (CPG), onde assumi funções de direção. Além disso, tenho estado ativo em estruturas associativas, ocupando vários cargos na International Pharmaceutical Federation, estando desde 2021, como membro do Board e Professional Secretary. A nível nacional, desde 2019 sou Presidente da Direção da Seção Regional do Sul e das Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos.
Quais foram os desafios e vitórias que encontrou ao longo do percurso?
LML - Os desafios são muitos, como adaptar a farmácia às mudanças regulamentares entre 2007 e 2012 e implementar novos serviços, como a vacinação contra a COVID-19, mantendo o desempenho em outras áreas. Cada superação foi uma vitória, incluindo o reconhecimento da farmácia como inovadora, com vários prémios em congressos. Em 2018, a farmácia da família foi eleita "Farmácia do Ano". Pessoalmente, os cargos que ocupo são vitórias coletivas, fruto do apoio das equipas com quem trabalho.
Quando surgiu o Curso Geral de Gestão e que necessidades sentia em termos de formação?
LML - Pouco depois de começar a trabalhar na Farmácia, apercebi-me que necessitava de competências transversais na área da gestão para poder cumprir com as minhas funções. Ao gerir uma equipa, precisei de ferramentas para alinhar o trabalho e desenvolver um plano estratégico. Conheci o Curso Geral de Gestão e vi que se adequava às minhas necessidades, pois era abrangente e intensivo. Durante o curso, percebi que as interações com os colegas e docentes tornaram o Curso Geral de Gestão muito impactante na minha vida. Aprender novos conceitos e metodologias, aliado às experiências dos colegas, foi gratificante. O apoio do corpo docente foi essencial para digerir a informação e desenvolver um plano de implementação na farmácia.
Qual é o papel das escolas de negócio enquanto catalisadoras de conhecimento?
LML - As escolas de negócio devem ser repositórios de conhecimento, ferramentas e metodologias que moldem os indivíduos. Elas facilitam a reflexão sobre a sociedade e os seus desafios, como a sustentabilidade, enquanto ensinam as melhores práticas. É crucial refletir sobre as melhores práticas futuras num ciclo contínuo de aprendizagem, sistematização e inovação.
Quais os maiores desafios que as farmácias enfrentam atualmente?
LML - Com a população a viver mais e melhor, as farmácias devem adaptar-se para atender às suas necessidades em promoção da saúde, prevenção da doença e gestão de patologias. Isso implica atrair e reter farmacêuticos qualificados e abrir-se a novos serviços, garantindo práticas de gestão sustentáveis financeiramente.
Recentemente, recebeu o Prémio Figura do Ano na 29ª edição dos Prémios Almofariz. Que significado teve esse reconhecimento?
LML - Conheço os Prémios Almofariz desde estudante e nunca pensei em receber o Prémio Figura do Ano! Este reconhecimento é um sinal do trabalho que desenvolvo, não só profissionalmente, mas também em associações. Esse trabalho só foi possível por ter feito parte de equipas extraordinárias, de trabalhar com profissionais que eram (e são!) muito melhores do que eu nas suas respetivas áreas (o que me permite aprender muito), por ter uma rede de amizade e familiar de apoio e, claro está, por ter aprendido com os melhores (onde se incluem todos com quem me cruzei durante a frequência no Curso Geral de Gestão). É um prémio coletivo, que reflete as equipas com quem trabalhei e o apoio da minha rede. Sinto também que traz mais responsabilidade para continuar a trabalhar, fazer mais e melhor e a ser uma melhor versão de mim mesmo. Esta foi a responsabilidade que me levou a procurar o Curso Geral de Gestão. Talvez seja hora de voltar aos estudos...