Passaram 28 anos desde a 1.ª edição do Curso Geral de Gestão [CGG] da Porto Business School. Um programa em constante atualização que acompanha as novas tendências com uma visão de futuro, treinando, anualmente, mais de meia centena de participantes. José Luís Alvim, o diretor do programa explica as razões de sucesso do CGG
O Curso Geral de Gestão é um caso de sucesso na Porto Business School. A que se deve isso?
[JLA] Temos tido muito sucesso com este programa [e esperamos continuar a ter], que já vai para a sua 66.ª edição. Quando digo que tem muito sucesso, isto tem que ver não só com a avaliação objetiva e quantitativa que os alunos fazem, mas também porque o programa tem outra particularidade - uma componente afetiva e emocional que nos surpreende. A maioria das pessoas que procuram o programa fazem-no por recomendação de colegas, amigos e até mesmo familiares.
Sucesso significa que corresponde às expectativas de quem o frequenta?
[JLA] É um programa geral, no sentido que cobre todas as áreas da gestão: o marketing, o comportamento do consumidor, a parte operacional [gestão de operações, processos, projetos, logística] e da Inovação mas também, e de forma muito desenvolvida, a área financeira- desde a contabilidade financeira à contabilidade de gestão, fulcral para a tomada de decisão, ao financiamento das empresas ou à análise de investimentos, algo muito importante para quem quer criar uma empresa, avaliar um negócio ou, então, reposicionar-se em termos de rentabilidade nas operações que faz.
O programa cobre também as áreas da liderança, da gestão de pessoas e de equipas, áreas muito fortes do programa e de extrema importância nas organizações, onde se constituem como fatores críticos de sucesso.
E uma parte que procura ser integradora que é a da estratégia. Defendemos que o pensamento estratégico - e a formulação do plano estratégico - é o caminho para passarmos para a prática toda esta articulação entre todas as disciplinas. Por fim, duas componentes muito relacionadas com a prática que são a elaboração de um plano de negócios e as visitas a empresas de referência no domínio das boas práticas.
Resumindo, e este de certa forma é um aspeto crucial, é que quem frequenta o Curso Geral de Gestão fica com uma perspetiva sistémica da organização. Vê a organização como um sistema onde todas estas áreas interagem. Procuramos que os participantes compreendam que não chega ser competente numa determinada função. É preciso ter uma perspetiva muito inter relacional, algo que muda a forma de atuar das pessoas e acaba com a lógica de silo que muitas vezes existe nas organizações.
Para os participantes passa a existir uma maior disponibilidade para cooperar à procura de atingir os objetivos da organização e, isso, é uma forma completamente diferente de prática de gestão do dia a dia e de todo o contexto envolvente, numa lógica de visionar o futuro.
O CGG é um programa com uma estrutura diferente do “habitual”...
[JLA] Sim. E é muito importante. Está estruturado em cinco semanas. Uma por mês, com a particularidade de ser de segunda a sexta, [todo o dia] o que leva a que, durante toda a semana; as pessoas se dediquem intensamente, partilhem experiências para enriquecer o networking entre eles e criem uma dinâmica de turma muito positiva. E os resultados falam por si, porque acompanhamos os participantes após o programa e verificamos que existem, na maioria dos casos, progressos nas suas carreiras profissionais.
E quem são os destinatários do CGG?
[JLA] O CGG é um programa direcionado a pessoas que estejam numa fase de ascenção nas suas carreiras profissionais, que podem ter uma componente base de formação que querem reforçar, mas também abrir o seu conhecimento para outras áreas da gestão. Não quer dizer que não tenhamos pessoas de outras áreas. Mas exigimos sempre r experiência empresarial porque tem de haver um equilíbrio na turma que tem de ser assegurado.
Maioritariamente os participantes são pessoas que querem crescer nas suas funções. Por exemplo, imagine-se que integro a equipa de recursos humanos e de repente constato que para crescer na minha organização – ou porque a minha organização precisa de mim – tenho de ter uma visão muito integrada da mesma. O mesmo se aplica a um financeiro ou um comercial. E se não tiver formação na gestão geral isso torna-se mais difícil. (...) Este programa permite às pessoas ter essa noção integradora das várias áreas da gestão dentro de uma organização, de forma transversal e global, que faz toda a diferença. É por isso que temos muitas pessoas das áreas da engenharia, dos recursos humanos, da arquitetura, de farmácia ou mesmo da administração pública. Eu diria que, no que diz respeito a perfil, o Curso Geral de Gestão cobre praticamente todas as especialidades.
O CGG é um exemplo de “em equipa vencedora não se mexe”?
[JLA] Pelo contrário. Nós preocupamo-nos muito com a atualização de conteúdos. Vamos admitir a disciplina de marketing. Atualmente o marketing tem uma estrutura substancialmente diferente. Por exemplo, hoje o marketing digital tem um peso muito maior. Até na disciplina de Logística. Hoje as cadeias de logística à escala internacional estão extremamente desenvolvidas, qualquer empresa, por mais pequena que seja, compra componentes no estrangeiro, circula-se e vende-se com muita facilidade seja através dos canais tradicionais ou digitais.
Estas e outras questões obrigam a que o programa esteja plenamente atualizado e numa vertente de levar as pessoas a pensarem estrategicamente, porque já não se fazem planos na forma tradicional, porque amanhã eles já estarão desatualizados. O importante é que as pessoas sejam capazes de avaliar as situações e o contexto envolvente. E terem a capacidade de se anteciparem às realidades e tendências.
Nós investimos muito em procurar que os participantes do CGG pensem o futuro e, a melhor forma para isso, é começar a prepará-lo hoje. Nesta perspetiva, o programa está sempre em permanente atualização.
Falou de uma “escala internacional”. É por essa razão que a próxima edição inclui um módulo opcional na London Business School. Em que medida é que esta experiência internacional acrescenta valor ao programa?
[JLA] Acho que é muito vantajoso. É a possibilidade de frequentar uma das melhores escolas de gestão do mundo, com a vantagem de encontrar pessoas de altíssima qualidade e estabelecer networking. E ter a possibilidade - que eu acho que é sempre fundamental - de frequentar uma escola estrangeira em articulação com uma escola portuguesa. Estar fora uma semana faz as pessoas pensarem e traz outras preocupações, outras ideias. Para mim tudo nasce da ideia.
Para si, o que é diferenciador neste programa?
[JLA] O facto de ser um programa geral, como o nome indica, ser abrangente a todas as áreas. O perfil dos alunos que temos cá, que são pessoas com experiência e de backgrounds diferentes, o que acho que é um factor muito diferenciador. E a qualidade do corpo docente, todo ele com experiência académica e profissional. O facto de nos preocuparmos com os apectos críticos de uma organização de uma forma integrada e, por último, o facto de as pessoas estarem aqui connosco de uma forma intensiva durante cinco semanas, o que permite que se crie uma rede de contatos e de partilha que ninguém consegue oferecer, nesta lógica.
Qual é o balanço dos participantes, no final do programa?
[JLA] Vou ser o mais objetivo possível. No final do programa estou cerca de duas horas com os participantes que frequentaram o programa e, passados seis meses, encontro-me novamente com elas, formalmente, e durante quatro horas, para avaliar a experiência que tiveram. E a certeza que tenho é que, efectivamente, as pessoas partem daqui com uma ambição e uma convicção de que vida delas mudou, que pode mudar e que se sentem muito melhor preparadas. Diria até, muito mais confiantes, porque ao longo do programa foram confrontadas com situações que podem suceder no dia a dia e se sentem agora mais preparadas para lidar com as mesmas.