Competitividade: Turismo contribui com 12.680 milhões de euros nas exportações
O setor do Turismo e da Hotelaria continua a crescer em Portugal. Só no ano de 2016, e de acordo com o Banco de Portugal, o turismo representou 16,7% das exportações nacionais em bens e serviços. Já o Eurostat diz que o número de dormidas aumentou 1,7% no mesmo ano, o que representa um total de 60,6 milhões de dormidas, sendo que um, em cada três, era não residente. Números que confirmam que a hotelaria nacional recebeu perto de 20 milhões de turistas estrangeiros. E a tendência é para continuar a crescer.
O Turismo em Portugal atingiu, em 2016, valores na ordem dos 12.680 milhões de euros. Um acréscimo de mais de 1.200 milhões face a 2015. Números significativos e cuja tendência é para que continuem a aumentar nos próximos anos. E isto reflete-se diretamente na hotelaria, que tem vindo a captar muito investimento e continua a crescer. Só em 2016, no Porto, abriram 15 unidades hoteleiras e espera-se a abertura de mais 6, em 2017. Já em Lisboa, foram 10 unidades hoteleiras a abrir portas, em 2016, e nos próximos dois anos serão mais 21 unidades.
Dados que contribuem para que Portugal figure como o 14.º país mais competitivo no setor turístico, de acordo com o ranking do World Economic Forum, publicado em abril. No relatório, publicado a cada dois anos, a pontuação de Portugal (4,74 num máximo de sete) é beneficiada pelo avaliação nos parâmetros da segurança (6,3), higiene e saúde (6,3), equipamentos turísticos (6,3) e recursos humanos (5,2). Face a 2015, Portugal subiu um lugar e melhorou em uma décima a pontuação.
Para Pedro Quelhas Brito, diretor do programa de Pós-Graduação em Gestão do Turismo e Hotelaria da Porto Business School, “este números refletem as tendências do mercado. O crescimento da procura que se tem traduzido em taxas de ocupação hoteleira elevadas, mesmo nas épocas consideradas baixas, tem aumentado a expectativa da rendibilidade do negócio hoteleiro”. Salientando, porém que é necessário que haja um equilíbrio no universo da hotelaria: “para um destino – seja ele qual for - é desejável que haja um bom equilíbrio entre categorias de hotéis, mas também uma certa presença de cadeias de hotéis. E neste grupo, as marcas estrangeiras são bem-vindas, porque garantem uma certa promoção direta ou indireta do destino”.
Turismo low cost e turismo de luxo
Sobre a questão da crescente oferta do alojamento low cost em detrimento da hotelaria de luxo que, no caso da cidade do Porto, tem um défice de oferta [de acordo com a Associação de Comerciantes do Porto], Pedro Quelhas Brito refere “não vejo mal nenhum no alojamento local – que não tem que configurar apenas o formato dos hostels – até onde há liberdade para o desenvolvimento de unidades tipo boutique, bem diferenciadas em termos ambiente/design e personalização do serviço e do próprio espaço, que um hóspede pode escolher”.
No entanto, confessa que “o revpar (Receita por Quarto Disponível) não tem crescido ao ritmo da taxa de ocupação. Tal reflete a tentação de usar o preço na competição. A tarifa média no Porto é inferior à praticada em cidades de dimensão equivalente em Espanha, por exemplo”. No mesmo momento é possível observarmos um hotel de 5 estrelas com propostas até inferiores a um de 3 estrelas aqui no Porto. Pode ser exceção, mas tem acontecido”.
E afirma que, "se queremos entrar no segmento de luxo, primeiro temos de acabar com a imagem de destino barato, quase como argumento de escolha do destino Porto. Sabe, para um cliente do segmento luxo o preço é irrelevante. O que conta é proporcionarem-lhe uma experiência tão única e exclusiva como uma obra de arte. E felizmente existe no Porto quem proponha experiências de sonho, se bem, que ainda em número insuficiente. É um facto”.
Sobre o futuro do turismo e da hotelaria em Portugal, em termos gerais, Pedro Quelhas Brito acha “que está a evoluir da forma saudável e procurando dar resposta à procura. Tem de ser um crescimento sustentável. Acredito que ainda há muito por explorar, e tenho a certeza que os nossos decisores saberão gerir os processos da melhor forma possível e pelo bem comum”.
A explorar novas possibilidades está também a nova campanha do Turismo de Portugal [TP], lançada este mês, apenas em meios digitais e que pretende mostrar um lado diferente do País, longe dos habituais centros turísticos. A mensagem é simples - não há como passar ao lado de um país tão pequeno mas tão grande, como é Portugal. "Um destino autêntico e único, com tanto para ver, provar, sentir e experimentar. É deste raciocínio que nasce o mote da campanha”, explica o TP em comunicado. Um destino único, para experiências únicas.