Competitividade: "Há um enorme consenso sobre o que fazer, só falta fazer”
Uma semana após a publicação do World Competitiveness Ranking 2017, a Porto Business School, parceira exclusiva em Portugal do IMD World Competitiveness Center promoveu o debate sobre os resultados do ranking e os desafios para a competitividade da economia portuguesa. Um evento que contou com a presença de Christos Cabolis, Chief Economist e Head of Operations do IMD World Competitiveness Center, Daniel Bessa, Economista e Professor da Porto Business School, Carlos Tavares, atual assessor da Administração da Caixa Geral de Depósitos e o Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral.
Apontado como um excelente país para empreender, para Christos Cabolis, Chief Economist e Head of Operations do IMD World Competitiveness Center - que elabora anualmente o World Competitiveness Ranking 2017 - referiu que apesar de manter a posição face a 2016, a economia portuguesa mostra sinais de melhoria, nomeadamente no que diz respeito ao volume de exportações, investimento estrangeiro e eficiência governativa. Segundo Cabolis, há três áreas em que Portugal pontua muito bem - infraestruturas, ambiente e custos muito competitivos - mas o economista alerta que a competitividade do custos é algo do qual só se deve tirar vantagem durante um pequeno período de tempo e com as devidas limitações, ou o crescimento da economia poderá ficar comprometido.
Para Daniel Bessa, o primeiro desafio do país em termos de competitividade é um tema central - "a redução estrutural do défice público, de forma a alcançar excedentes permanentes e permitir a redução da dívida pública”. Mas a estabilidade e sustentabilidade do sistema bancário, a promoção da inovação e do empreendedorismo, a implementação de reformas no mercado do trabalho e a redução da burocracia foram também apontados como elementos-chave para a competitividade. Sobre os desafios identificados para a competitividade da economia portuguesa, o consenso é geral. "Há um enorme consenso sobre o que fazer, em todas essas frentes". afirmou Daniel Bessa, “ agora só falta fazer”.
O economista e atual assessor da Caixa Geral de Depósitos, Carlos Tavares afirmou que, em termos de competitividade, o país surge num muito pouco honroso 21º lugar (em 28 países da UE que figuram no ranking) e chamou também a atenção para a importância da dívida – pública e privada - na competitividade da economia. Para Carlos Tavares, a questão da dívida privada é um problema que precisa de ser encarado. Banca e serviços financeiros, os impostos sobre as empresas , a justiça e o excesso de exposição aos mesmos mercados de exportações são, para Carlos Tavares, outros problemas que importa encarar, quando a matéria em debate é a competitividade. E é neste quadro que a “a política microeconómica é muito importante, até porque política macroeconómica já temos pouca – só o Orçamento de Estado, e mesmo assim limitado”, disse ainda Carlos Tavares. É aí que as políticas para o crescimento da competitividade – mas também da atratividade – que o Governo, ou qualquer governo, deve atuar. O combate à economia paralela; regulação do poder de mercado (abuso de posição dominante); e uma menor carga fiscal sobre as empresas, são alguns dos fatores que, para Carlos Tavares, são fundamentais para o crescimento da competitividade da economia.
Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia, encerrou a sessão dando nota do que está a ser feito pelo Governo, tendo por base o facto de o endividamento (nomeadamente o privado) e a questão demográfica (envelhecimento da população e a saída de talento do país), serem, para o ministro, os dois grandes problemas para a competitividade do país. Segundo Caldeira Cabral noque diz respeito ao endividamento público, há um esforço que está ser feito, nomeadamente no que concerne aos saldos primários – como tem sido largamente discutido nas últimas semanas. Mas há oportunidades que poderão ter grande impacto na competitividade do país a médio prazo - a nova geração de portugueses, altamente qualificada; a capacidade do país na produção de energias renováveis a custo de mercado (sem subsidiação); a inovação; e a digitalização, “uma revolução à qual Portugal não está a chegar atrasado”, afirmou.