Afetadas pela Covid-19, as cidades tiveram de responder à crise e traçar caminhos para a recuperação. Algumas estratégias adotadas transformaram-se em requisitos para uma maior resiliência e sustentabilidade urbana.
No relatório apresentado no dia 21 de setembro, a Deloitte, associada da Porto Business School, identifica 12 tendências que poderão vir a determinar a transformação urbana global.
Apresentado no webinar “Urban Future with a Purpose”, no dia 21 de setembro, o relatório “Urban Future with a Purpose: 12 trends shaping the future of cities by 2030”, que inclui referências a mais de 30 casos de estudo de áreas urbanas mundiais, entre as quais, Lisboa, Porto e Cascais, consultou especialistas internacionais em assuntos urbanos, compilando 12 tendências que as cidades podem seguir na jornada para a sustentabilidade, resiliência e prosperidade, recorrendo à tecnologia e inovação.
Classificadas em seis áreas, as tendências identificadas espelham as estratégias adotadas por cidades de todo o mundo durante este ano e meio para dar resposta aos efeitos da pandemia.
Durante o webinar, apresentado por Miguel Eiras Antunes, partner da Deloitte, associada da Porto Business School, e Lídia Pereira, membro do Parlamento Europeu, foram apresentadas as principais tendências que irão marcar o futuro das cidades.
O relatório destaca a afirmação dos espaços públicos como centros da vida social planeados, com novos corredores e áreas verdes, e o desenvolvimento de ecossistemas de cuidados de saúde para o bem-estar através da prevenção e intervenção precoce, onde as tecnologias digitais são vitais para a interação entre os profissionais de saúde e os cidadãos.
Neste contexto foi identificado o exemplo de Freetown, em Sierra Leone, onde o objetivo passa por plantar um milhão de árvores até 2022.
Quanto à mobilidade, os modelos de proximidade, como por exemplo, “a cidade dos 15 minutos” e a adoção de modos mais sustentáveis e inteligentes (com base no conceito de mobility as a service (MaaS)) são vitais.
No plano económico o relatório salienta a necessidade da adoção de planeamento e serviços inclusivos, em especial, o acesso a habitação e infraestruturas, a igualdade de direitos e participação, e a criação de empregos e oportunidades. Para tal, as cidades devem também promover a dinamização de ecossistemas de inovação digital, assumindo-se como laboratórios de experimentação e de hubs remotos para os nómadas digitais.
A pensar no desafio climático o relatório destaca a importância de ações para a economia circular e produção local, incluindo uma transformação do ambiente através de edifícios e infraestruturas sustentáveis e inteligentes. Para tal são fundamentais a análise de dados para otimizar o consumo de energia e a gestão de recursos em edifícios (resíduos, água e energia). Singapura é vista como um exemplo de sucesso, pela adoção do certificado Green Mark que veio melhorar uma variedade de atividades urbanas, tais como, o saneamento e recolha de lixo.
O aumento da participação cívica, o recurso à inteligência artificial e à análise de dados para processos e operações urbanas integram as tendências apontadas pelos especialistas na governação e educação.
Nas áreas da segurança e proteção, é visível a preocupação com questões de cibersegurança e privacidade e o uso de vigilância e de soluções preditivas com base em inteligência artificial para monitorizar áreas mais vulneráveis ao crime e riscos naturais. O relatório aponta para o facto de o desafio passar por integrar estas novidades sem equacionar a privacidade e liberdades dos cidadãos.
O webinar incluiu dois painéis de debate com alguns dos especialistas que participaram no relatório. Na primeira sessão Kishore Rao (Deloitte), Sameh Wahba (World Bank Group), Maimunah Mohd Sharif (UN Habitat) e Mami Mizutori (ONU) abordaram a importância do planeamento integrado e de uma abordagem holística. Na segunda sessão, moderada por Jeff Merrit (World Economic Forum), os autarcas Yvonne Aki-Sawyerr (Freetown), Mohamed Ridouani (Leuven) e Miguel Pinto Luz (Cascais) partilharam algumas das suas experiências perante os desafios trazidos pela pandemia.
Margaritis Schinas, Vice-Presidente da Comissão Europeia e Comissário para a Promoção de um Novo Modo de Vida Europeu, sublinhou a importância das cidades enquanto os maiores centros de crescimento. Schinas destacou o papel da Comissão Europeia na captação e retenção de talento capaz de gerir estes novos centros urbanos sustentáveis e inclusivos.
Na sessão de encerramento, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou ao “apoio e cooperação de todos” na resposta aos desafios vividos com mais intensidade nos centros urbanos, reforçando a necessidade de “cidades mais resilientes e adaptadas às alterações climáticas” e a urgência de uma “ação global com vista à neutralidade carbónica”.
Para esta ação global é vital o compromisso institucional; quer das empresas, quer das instituições de ensino. A Porto Business School tem agilizado esforços para se aproximar dos centros urbanos, propondo soluções para as cidades enquanto laboratórios de experimentação. É o caso do projeto UCITYLAB, financiado pelo Erasmus+, que pretende aproximar as universidades das cidades com vista a solucionar desafios sociais. Este projeto incluiu a organização de um workshop com o Presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, no qual foram identificados os principais desafios da cidade e que, mais tarde, foram abordados pelos alunos da Porto Business School num programa dos The Executive MBA e The Digital MBA.
No âmbito das “smart cities”, a Porto Business School participa também no projeto CityCatalyst para desenvolver uma metodologia de inovação aberta para cidades inteligentes e sustentáveis e o projeto RESICITIES que visa criar um programa de empreendedorismo para as cidades inteligentes.
Ainda no contexto das “smart cties”, já estão abertas as inscrições para a 3ª edição da Eurekathon, promovida pela Porto Business School, LTPlabs e NOS. Este ano, e sob o tema “Challenging Data for Sustainable Cities”, pretende encontrar soluções para a otimização dos espaços urbanos, dinamizando a criação de cidades mais inteligentes e sustentáveis. Esta 3ª edição da competição, que conta com a parceria da Câmara Municipal de Matosinhos e do CEiiA, vai realizar-se virtualmente entre os dias 12 e 14 de novembro através de uma plataforma desenhada para o evento. No dia 20 de novembro os finalistas irão apresentar os seus projetos que serão avaliados por um júri.
Fonte: revista Smart Cities - pode consultar aqui.
O relatório da Deloitte pode ser consultado na íntegra aqui.