A Universidade de Berkeley, na Califórnia, tem um centro de empreendedorismo e inovação tecnológica que funciona como um verdadeiro ecossistema de novas ideias e negócios. Mais do que formar empreendedores, o centro tem como missão preparar futuros lideres para que consigam adaptar-se às mudanças constantes. A experiência de Susan Giesecke, do Sutardja Center for Entrepreneurship & Technology, foi partilhada com a comunidade da Porto Business School, num seminário que a escola acolheu no dia 16 de novembro.
A tecnologia traz inovação, a inovação traz empreendedorismo. São equações que os empreendedores conhecem bem, mas que ainda não estão totalmente enraizadas, sobretudo no meio académico. A Universidade de Berkeley, na Califórnia, percebeu o potencial dos seus alunos e, através de um centro dedicado ao empreendedorismo e inovação tecnológica, estimula o espirito empreendedor da sua comunidade na criação de start-ups, beneficiando ainda do ecossistema circundante de Silicon Valley.
Susan Giesecke, do Sutardja Center for Entrepreneurship & Technology, explica que a universidade teve uma visão estratégica e percebeu que os empreendedores e inovadores são o futuro. “O empreendedorismo não é para toda a gente, e temos estudantes que não querem começar o seu próprio negócio, querem ter um emprego das 9h às 5h. Mas nós queremos incutir nos alunos a ideia que eles podem decidir se querem ser empreendedores, se querem ser mais criativos ou querem ser melhores na resolução de problemas”, afirma.
Susan Giesecke foi a oradora convidada da conferência "University engagement with entrepreneurship and start-ups" que decorreu a 16 de novembro e marcou o arranque das BIP Talks, promovidas pela U.Porto Inovação em parceria com a Porto Business School, no âmbito do Business Ignition Programme, do qual a escola de negócios é parceira.
Reconhecido internacionalmente no ensino do empreendedorismo tecnológico, o Método de Berkeley assenta na filosofia do “aprender fazendo” com os melhores, através de um conjunto de cursos, bootcamps e projetos práticos orientados por empreendedores de várias áreas de negócio. “As start-ups falham, mesmo em Berkeley. Nós estamos constantemente a inovar naquilo que fazemos, por isso, mesmo o nosso método de ensino está sempre a mudar, se não está a resultar mudamos e ajustamos”, garante a responsável pelo departamento de Global Engagement, que articula parcerias do centro com universidades internacionais e organizações.
Aliás, o centro tem a particularidade de todos os docentes serem empreendedores, conta Susan Giesecke, explicando que, mais do que estarem preocupados com a criação de start-ups, ainda que seja naturalmente esse o percurso de muitos empreendedores de Berkeley, o objetivo é prepará-los para que se consigam adaptar às mudanças constantes. “Nós tentamos ensiná-los a pensarem de forma diferente, com uma mentalidade mais aberta. Por isso, tentamos prepará-los melhor como pessoas, a terem uma mentalidade aberta para que possam identificar oportunidades, possam adaptar-se e serem flexíveis e consigam lidar com o sucesso e com o insucesso. Por isso, trabalhamos muito nos seus valores, e como se desenvolvem como líderes”, continua.
O centro foi a primeira instituição da Universidade de Berkeley dedicado à investigação e ensino do empreendedorismo e inovação tecnológica, criando desde a sua abertura em 2005 um verdadeiro ecossistema de empreendedorismo e uma rede de networking composta por 300 académicos, 500 investidores e parceiros, e uma comunidade estudantil de 1600 alunos por ano.
A responsável pelo departamento de Global Engagement do Sutardja Center for Entrepreneurship & Technology ficou impressionada com o ecossistema empreendedor que encontrou no Porto e na Porto Business School. “Existe um ecossistema vibrante aqui. A diferença é que nós temos a vantagem da localização, de estarmos inseridos em Silicon Valley e, por isso, não temos de nos esforçar tanto. O Porto tem que trabalhar mais arduamente, mas isso faz com que vocês sejam melhores. E vocês tem feito um trabalho fantástico”, conclui.
Maria Oliveira, coordenadora da U.Porto Inovação, explica que o objetivo destes seminários é potenciar oportunidades que existem para apoiar novas ideias. “ Podermos ser uma porta aberta para Silicon Valley, através de Berkeley ou através de outra instituição que esteja lá, através das nossas próprias empresas que saem da Universidade do Porto e que agora já têm um Hub em Silicon Valley, é extremamente interessante para todas as outras empresas que estão a tentar neste momento vingar”.
As BIP Talks debatem temas diversos como a comunicação, o marketing ou o financiamento para a criação ou desenvolvimento de start-ups e decorrem até 5 de dezembro no âmbito do programa de iteração de modelos de negócio para tecnologias desenvolvidas no meio académico, o Business Ignition Programme.