Vivemos atualmente tempos incertos e turbulentos. Outrora uma inovação potencialmente transformadora costumava ser um fenómeno único, hoje é comum surgirem várias em simultâneo. Moonshots como computação quântica, interfaces neuronais, baterias de estado sólido e células de combustível oferecem um potencial incrível para disromper a economia global. Outras tecnologias, já hoje mais vulgares, como a inteligência artificial (IA), Internet das coisas (IoT), 3D Printing, drones ou big data já nos dão uma ideia de como será o futuro próximo.
De uma forma geral, todas as indústrias estavam já a ser impactadas pelo desenvolvimento exponencial das tecnologias. A 4ª Revolução Industrial - ou revolução digital se preferirmos - está a colocar enormes desafios nos indivíduos e nas organizações.
Neste contexto de profunda transformação, os líderes precisam de adotar tecnologias que garantam a eficiência e a rápida adaptação das suas Organizações. Esta velocidade dos acontecimentos precipita-nos para uma era de complexidade e de incerteza. Pessoas, empresas, organizações de todo o mundo estão cada vez mais interligadas, produzindo cada vez mais acontecimentos em simultâneo que, por sua vez, dão origem a quantidades de informação de tal forma gigantescas, que se torna demasiado difícil acompanhar e processar tudo o que se passa.
O mundo Exponencial
Paralelamente, o consumidor deixou de ser um ator passivo, para se tornar ativo, e, portanto, com enorme poder perante as marcas. Tanto, que fez evoluir a web para um novo estágio, o 2.0, recebendo uma nova designação, a de prosumidor – o “consumidor produtor” de conteúdos ou ainda “consumidor profissional”. Com isto, o Youtube ou o Facebook, tornaram-se exemplos consolidados de modelos de negócio bem-sucedidos, cuja ascenção foi meteórica. Empresas como a Apple revolucionaram setores e conquistaram mais resultados em poucos anos, do que muitas organizações em décadas.
Em pouco tempo e a uma velocidade vertiginosa, foram e continuam a ser muitos os acontecimentos que se sucedem por todo o mundo. Para acompanhar tudo o que se passa seria preciso viver constantemente de olhos abertos; 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias ao ano. Algo compreensivelmente impossível. Vivem-se, portanto, tempos surpreendentes a todos os níveis. E a um ritmo exponencial. Tudo isto aconteceu porque o desenvolvimento industrial evoluiu para dar lugar à era do conhecimento. Com isso, todas as curvas de crescimento, sejam sobre a capacidade de computação, sobre a população mundial, o consumo de recursos ou a massificação das infocomunicações, passaram a representar padrões de crescimento exponencial.
Impacto nas Organizações
Este contexto de grandes transformações sociais e económicas, alterou radicalmente os paradigmas e sistemas existentes. E se é difícil para um individuo acompanhar a mudança, também o é para as empresas.
De uma forma geral, as pessoas e as organizações não foram preparadas para ser resilientes, nem tão pouco ágeis para responder a este contexto de transformação. Até agora têm seguido modelos de gestão baseados num conjunto de princípios - especialização, standardização, controlo, hierarquias e motivação através de incentivos financeiros – que foram desenvolvidos há mais de um século e que estão desatualizados para enfrentar estes novos desafios. Perante a grande agitação, em que os efeitos de mudança se propagam rapidamente, afetando indústrias e mercados de todo o mundo, a grande maioria das organizações tenta reagir e lutar pela sobrevivência.
Neste novo cenário onde a proactividade, a mudança e a adaptabilidade são prioridades, esses modelos de gestão bloqueiam o desenvolvimento da inovação e a emergência de estratégias criativas.
Estratégias de Transformação
É então urgente adoptar novas abordagens e estratégias para dar resposta a todo este enquadramento, e que permita às empresas agirem perante fenómenos de disrupção com confiança. Conseguir “mudar profundamente o negócio”, mas mantendo ao mesmo tempo a gestão e continuidade do negócio existente, obriga à adopção de uma nova abordagem à transformação digital.
As empresas que têm sabido responder com sucesso a estes fenómenos funcionam com base em soluções tecnológicas flexíveis e escaláveis como por exemplo o da tecnológica Portuguesa OutSystems, que permite que as equipas de IT apresentem produtos com rapidez e eficiência, e que a Mkinsey denomina de Digital Factory, que consiste num modelo para executar uma transformação digital em que equipas dedicadas de pessoas trabalham em programas de transformação juntamente com as funções do “run-the-business”.
Diferentes modelos de estratégias de transformação podem ser empregues, dependendo da situação da empresa. As transformações Agile em toda a empresa, por exemplo, podem ajudar aquelas organizações que estão sob ameaça competitiva tão intensa que precisam reinventar de forma rápida e completa a sua estrutura de negócios. O lançamento de novos negócios digitais “secundários”, por outro lado, é um modelo que pode ajudar as empresas estabelecidas a aprender como as empresas digitais operam e geram novos fluxos de receita.
Artigo de Carlos Vaz docente e codiretor do programa Digital Business Strategy.