A empatia pode ser um poderoso antídoto para culturas excessivamente individualistas e contribuir para experiências positivas tanto para indivíduos como para equipas.
Os últimos dois anos ensinaram-nos muitas coisas, mas a maior aprendizagem foi, sem dúvida que, nada é garantido, que tudo pode mudar de um dia para o outro.
O sucesso está reservado para aqueles que forem capazes de se adaptar, mudar, analisar e se ajustarem rapidamente. A mudança constante é a norma, a variável é a rapidez dessa mudança e, quanto melhor preparados, maior será a probabilidade de, em conjunto com as equipas, podermos assegurar a continuidade e o desenvolvimento das organizações. As pessoas têm os olhos postos nos seus líderes, à espera de direção, orientação e apoio.
Sabendo que cada individuo é único e que a sua relação com o todo é também singular, aos líderes é pedido que cuidem o contexto, para desse modo, assegurarem condições que promovam o compromisso e o sentido de pertença, garantam a autonomia e proporcionem desenvolvimento.
Quando falamos de contexto, sabemos que novos desafios foram colocados aos líderes, o trabalho híbrido veio para ficar e são mais de 90% as empresas que projetam adotar o modelo para os trabalhadores do conhecimento, de acordo com a Harvard Business Review. Não se trata de uma solução de trabalho temporária, mas de uma nova norma, uma vez que os colaboradores também preferem trabalhar remotamente e só irem à empresa, quando necessário e se necessário.
Incorporar o trabalho híbrido exige abertura e flexibilidade, inovar na capacidade de conexão, fornecer um propósito agregador, ser empático, e tomar decisões ousadas para manter as equipas envolvidas e com o desempenho esperado.
O que resultava num contexto presencial, não é mais um catalisador no atual contexto.
Quando o líder é capaz de envolver a sua equipa, compreender melhor o que os motiva e os capacita, ao dar-lhes o que necessitam, demonstra confiança e faz com que se sintam realizados, motivados e focados em contribuir.
A confiança é externa, a razão, porque as pessoas nas organizações têm coragem para fazerem coisas notáveis, não se deve à sua força interior, mas sim, porque sabem que à sua direita e à sua esquerda, há alguém que se preocupa com elas. É o contexto e a qualidade das relações interpessoais que dão impulso e coragem para arriscar o novo, o complexo e ousar fazer o que nunca foi feito.
A empatia sempre foi considerada uma competência crítica para os líderes, mas assume atualmente um novo significado e prioridade. Não se trata de um “Nice-to-have”, mas sim de um “Must-have”.
A empatia pode ser um poderoso antídoto para culturas excessivamente individualistas e contribuir para experiências positivas tanto para indivíduos como para equipas, nos tempos exigentes por que passamos, em que lutamos contra o burnout e achamos difícil encontrar bem-estar no trabalho.
Um estudo referido pela revista Forbes e realizado pela empresa Catalyst com os seus funcionários, concluiu que a empatia tem alguns efeitos positivos significativos, nomeadamente no que se refere a:
- Inovação, 61% dos colaboradores com líderes empáticos em comparação com apenas 13% com líderes menos empáticos, relataram serem capazes de ser inovadores;
- Compromisso, 76% das pessoas que experimentaram empatia por parte dos seus líderes relataram estar comprometidos, enquanto apenas 32% o referiam, quando sentiram menos empatia por parte dos seus líderes.
- Inclusão, 50% das pessoas com líderes empáticos revelaram que o seu local de trabalho era inclusivo, em comparação com apenas 17% daqueles cuja liderança era menos empática.
- Equilíbrio trabalho e vida pessoal, quando as pessoas sentiram que os seus líderes eram mais empáticos, 86% evidenciaram ser capazes de gerir as exigências profissionais e pessoais, mesmo que fazendo alguns malabarismos. Para aqueles que percecionaram menos empatia, a percentagem desceu para 60%.
A Catalyst, uma organização global, sem fins lucrativos, propôs a mudança do “E” de CEO, de “Executive” para “Empathy”, passando de “Chief Executive Officer”, para “Chief Empathy Officer”, um cargo que todos podem assumir, independentemente das suas responsabilidades.
Uma ideia ousada, mas a certeza que a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, é uma competência vital para criar um ambiente de trabalho positivo, onde todos se podem sentir valorizados, motivados e, desse modo, se tornarem mais produtivos.
Artigo escrito por Cândida Santos, docente da Escola e Diretora do Programa Novos Modelos de Desempenho.