A movimentação de produtos tem-se tornado cada vez mais cara, e a margem para erros na cadeia de abastecimento e gestão de inventário caiu para perto de zero. A cadeia de abastecimento global, tal como a conhecemos, tem estado exposta às suas fraquezas no passado recente - quer devido a uma pandemia global ou a guerras inesperadas, os desafios que enfrentamos atualmente parecem intransponíveis.
Esta combinação de fatores multiplicou o stress sobre as cadeias de abastecimento lean, criando um perigoso efeito de chicote (bullwhip efffect), deixando clientes impacientes à espera de produtos, retalhistas a lutar para suster o nível de serviço, e fornecedores a lidar com capacidade insuficiente, com apenas uma questão chave em comum: como será a partir de agora? E como assumir a liderança?
As empresas precisam ser ágeis e flexíveis para surfar esta onda: os consumidores querem mais, mais rapidamente e sem pagar mais, e tornaram-se cada vez mais imperdoáveis quando se trata de situações de falha de serviço.
É pouco provável que as tradicionais abordagens à gestão da cadeia de abastecimento respondam a estes tempos difíceis.
Como tal, são necessárias novas políticas e os métodos analíticos têm um papel importante no apoio à sua definição. Mas como podem as empresas dar o salto, enquanto tomam decisões informadas e baseadas em dados? Quais são as opções?
1. Encurtar a última milha
A "última milha" da cadeia de abastecimento é frequentemente a mais desafiante: cadeias altamente granulares e densas significam que, muitas vezes, os centros de distribuição se tornam cada vez maiores e "distantes" dos pontos de foco da procura.
A decisão de abrir mais centros de distribuição, onde abri-los, como dimensioná-los, para equilibrar eficazmente a procura são decisões fundamentais para os gestores da cadeia de abastecimento. Estas podem ser abordadas utilizando digital twins que antecipam o sucesso de diferentes configurações.
2. Desafiar as estratégias de produção
As estratégias de produção atuais podem não ser as mais ajustadas a estes novos tempos - a decisão sobre o que fazem em Make-to-Stock (MTS) ou Make-to-Order (MTO) pode ser uma alavanca importante para se tornar a cadeia mais eficiente.
Além disso, tal estratégia não precisa de ser tomada a nível de empresa ou categoria, uma vez que a definição da estratégia do produto para produtos-chave pode ter um impacto significativo tanto nos indicadores operacionais como nos comerciais. Estas decisões devem ser apoiadas por modelos analíticos de alto desempenho e flexíveis, que permitam uma maior compreensão sobre o que cada decisão reserva para o futuro.
3. Antecipar a procura e criar cenários "what if".
Os módulos de previsão tradicionais estão a ser questionados pela falta de capacidade de desempenho sob os atuais acontecimentos incertos.
Os módulos de previsão avançados que podem adaptar-se rapidamente às condições dinâmicas do mercado e correlacionar perfis de procura com fontes de informação exógenas são, hoje em dia, fontes vitais de informação. Permitem uma maior confiança e prontidão para o futuro - as empresas devem olhar para o futuro com a confiança de que os seus modelos descrevem com acuidade o que o futuro reserva, e esse conhecimento de antemão é a chave para atuar de forma antecipada.
4. Implementar novas políticas de gestão de inventário
Desequilíbrios e desconexões entre a oferta e a procura numa cadeia refletem-se tipicamente em níveis de inventário crescentes ao mesmo tempo que têm um mau serviço ao cliente - políticas novas, analíticas e científicas de gestão de inventário são da maior importância se as empresas quiserem manter níveis controlados de stocks, ao mesmo tempo que desempenham ao nível de serviço desejado.
Estes são alguns exemplos em que os modelos analíticos podem impulsionar a tomada de decisões nas cadeias de abastecimento, mas o número de desafios na cadeia de abastecimento que os gestores enfrentam é enorme e a sua complexidade está a aumentar!
Artigo de Pedro Amorim, Diretor do Open Executive Programme Analytics for Supply Chain Planning