O Futuro é agora! Hoje, quando faz ainda mais sentido esta afirmação, esta é a premissa a partir da qual este artigo deve ser lido. No contexto atual, quando falamos em futuro, não estamos a falar de um tempo longínquo, nem tão pouco no horizonte de dois ou três anos. Falamos sim, do trabalho diário e permanente que deve ser feito todos os dias.
A Liderança é um tema apelativo e abrangente sobre o qual as organizações e empresas procuram permanentemente capacitar os seus quadros, seja através de programas de formação, mentoria, tutoria e/ ou coaching. As competências de liderança que levaram as empresas a determinado resultado, podem não ser aquelas que as vão levar ao sucesso dali em diante.
Assim, se os negócios estão em permanente mudança, as competências dos líderes também devem estar. Nas organizações não existe (ou não deve existir) liderança sem gestão, nem gestão sem liderança. É preciso gerir meios escassos, de forma sustentável, levando as pessoas a resultados com um brilho nos olhos. E pensar no futuro, garantindo o presente!
Qual o contexto dos Líderes de hoje?
O contexto atual é marcado por:
» acentuada Transformação Digital e intensificação da Inteligência Artificial em todas as esferas da nossa vida. Os líderes têm que apoiar as pessoas para a tecnologia ser encarada como um facilitador e não como um substituto, gerindo a incerteza e o medo reforçados pelo ritmo de uma mudança acelerada, que também é preciso antecipar e preparar;
» forte rotatividade dos quadros que procuram um propósito que se encaixe nos seus objetivos de vida, o que gera uma busca incessante pelo talento e requer que a gestão da diversidade e inclusão esteja no centro das suas agendas;
» implementação do modelo híbrido de trabalho, que nos remete para a necessidade de repensar as ferramentas de avaliação de performance: 64% dos gestores acreditam que os colaboradores que trabalham a partir do escritório têm melhor desempenho e 76% acreditam que estes têm maiores possibilidades de serem promovidos. A complexidade de gerir um modelo híbrido de trabalho pode levar alguns empregadores a implementar o modelo presencial por crenças relacionadas com o impacto na performance e com a perceção de diminuição desempenho e perda de cultura.
Então, que competências devem ter os Líderes do futuro?
A nossa experiência com o mundo corporativo, leva-me destacar as seguintes características e competências do líder:
» auto-conhecimento para questionar as suas crenças, assumir a sua vulnerabilidade, e integrar diferentes perspetivas pelo seu conhecimento das pessoas, do negócio e do mundo. É uma forma de criar transparência e confiança. “The best leaders aren´t afraid to be vulnerable” (HBR, 2022).
» capacidade de tomar decisões suportadas pela análise de dados, mas também pela intuição. A este nível é também fundamental conciliar a visão de curto prazo com a visão de longo prazo.
» gerir a distribuição do tempo, focando-se em:
- acompanhamento personalizado da equipa ao nível das competências, do tempo e do espaço
- contribuir para o equilíbrio da vida pessoal, social e profissional das equipas.
» construir um ambiente seguro para que as pessoas possam crescer, falhar, aprender e inovar. Constroem relações, além de networking, e estabelecem relações de confiança, partilham ideias e entregam resultados. Compreendem os sentimentos (empatia) com o foco na solução (compaixão);
- desenvolver as pessoas fazendo-as crescer, alargar competências e encorajar o crescimento de forma permanente;
» liderar a mudança, reconhecendo que é essencial e incontornável. Têm a missão de criar uma visão e propósito partilhados e de motivar e comprometer as equipas;
» inspirar e encorajar as equipas através da positividade, visão, confiança, desafio e reconhecimento, comunicando de forma clara. De acordo com um estudo da GALLUP (2021) 3 em cada 10 colaboradores consideram que a sua opinião conta no trabalho. Se este número subir de 3 para 6, consegue-se: 27% redução do turnover, 40% redução de acidentes de trabalho e 12% aumento na produtividade;
» criar “accountability” reconhecendo o impacto das ações e responsabilizando a si próprios e às equipas pelos resultados.
A combinação destas competências permitirá ao líder garantir a sustentabilidade da equipa, do negócio, da comunidade e do ecossistema, liderando o futuro. Estamos a falar da Liderança Integral.
Artigo de Catarina Quintela, Diretora da da área de Corporate Solutions da Porto Business School.