No epicentro de uma era marcada pela mudança constante e acelerada, a liderança eficaz tornou-se mais crucial do que nunca. Hoje, talvez sempre, é impossível liderar sem os pés bem firmes no presente e o olhar atento ao futuro. Os dados permitem-nos estudar tendências, que nos dão perspetivas em termos de concentração e orientação de esforços, bem como, dedicação e envolvimento em determinadas direções.
Os dados podem ser utilizados para descrever o que aconteceu - e por que razão aconteceu – enquanto oportunidade de aprendizagem, mas de forma leve e rápida, a atenção deverá ser colocada no futuro, na identificação do que irá provavelmente acontecer e o que deverá ser feito face ao cenário proposto. Ao analisar os dados para identificar tendências e antecipar realidades futuras, os líderes podem tomar decisões mais informadas e estratégicas.
Uma dessas tendências é já presente, mas muitas são as possibilidades de evolução e de mudança, razão pela qual toda a atenção lhe deverá ser dedicada. Trata-se dos avanços tecnológicos e digitais e de identificar as possibilidades da sua utilização nos modelos de negócio, como servir a melhoria contínua e promover a inovação.
Embora haja um lastro de competências de liderança que necessitam estar sempre presentes, como o planeamento estratégico, a comunicação e a inteligência emocional, há um novo conjunto de competências adicionais na era digital, um conjunto de capacidades sociais, emocionais e cognitivas que possibilitem encarar os desafios do trabalho e da vida digital, adaptar-se às suas exigências e ser bem-sucedido.
Face à dinâmica das mudanças do local de trabalho, seja pela adoção do trabalho remoto e de modelos de trabalho híbridos, ser capaz de selecionar um canal de comunicação adequado e utilizar as ferramentas apropriadas para comunicar e colaborar de forma eficiente e eficaz é desde logo um grande desafio. Significa utilizar a tecnologia para estabelecer ligações humanizadas e facilitar a colaboração entre os membros da equipa, qualquer que seja a sua localização. Num tempo em que estamos ainda a fazer o caminho da descoberta do poder da empatia nas relações presenciais, está a ser-nos pedido que sejamos capazes de criar empatia digital em ambientes virtuais com o envolvimento de sentimentos, a escolha cuidadosa das palavras adequadas em comunicações virtuais, a observação da linguagem corporal e do tom de voz, como única forma para se ser bem-sucedido.
A dispersão geográfica das equipas desafia os líderes a alcançarem a equidade e a inclusão de todos, estejam próximos ou distantes, presenciais ou remotos. Conscientes da dificuldade de reter talento, conhecemos também o impacto dos comportamentos do líder na vontade de permanecer, num ambiente de trabalho híbrido criar uma cultura de inclusão que transcenda as fronteiras físicas e digitais, onde todos se sintam próximos, valorizados e ouvidos é uma tarefa muito desafiante.
O contexto conta. Um ambiente de trabalho positivo promove relações fortes entre os membros da equipa. Cabe aos líderes dar o tom, cuidar da criação de um contexto que promova relações positivas tanto pessoal como virtualmente, onde a confiança seja o pilar, se promova o bem-estar, se atenda às motivações individuais e se possibilite o desenvolvimento.
A aceleração da mudança exige capacidade de adaptação contínua e metodologias ágeis de gestão e de desenvolvimento de projetos que valorizam a flexibilidade, a colaboração e a entrega incremental. Dão prioridade à rapidez e à eficiência em detrimento da perfeição, permitindo que as equipas se adaptem rapidamente à evolução das condições do mercado e das necessidades dos clientes. Cabe aos líderes adotarem processos que acompanhem esta evolução, sem perder de vista a análise da sua adequação e êxito.
Orientar as equipas para a utilização de metodologias ágeis, exige uma cultura de inovação e celeridade com a adoção de conceitos como produtos mínimos viáveis, interação e "errar depressa". Valorizar a experimentação e a melhoria contínua e capacitar as equipas para tomarem decisões e assumirem riscos, é um pressuposto para acompanhar o novo e não se deixar ultrapassar.
Para desenvolver as competências mencionadas, o primeiro passo é ter consciência da sua relevância e necessidade, fazer uma avaliação das capacidades existentes e com base nos resultados, dar prioridade ao desenvolvimento das áreas consideradas críticas, considerando soluções inovadoras para criar e desenvolver.
Podemos concluir que não chega utilizar a tecnologia no local de trabalho para a eficiência operacional e a comunicação. Um novo conjunto de competências de liderança são necessárias para tirar verdadeiramente partido da tecnologia, criar uma cultura de inclusão, impulsionar a inovação, trabalhar de forma ágil e utilizar os dados para tomar melhores decisões.
Assim preparados, o sucesso estará mais próximo, mesmo que o ambiente seja de mudança permanente e acelerada.
Artigo de Cândida Santos, Diretora do Programa Leadership Check-in.