A turbulência económica, especialmente após a crise de 2008 e severamente intensificada pela recente pandemia, a par da instabilidade política são duas das principais características da sociedade atual. A incerteza e a instabilidade passaram a fazer parte do ambiente corporativo, forçando as lideranças a repensarem as suas estratégias de atuação. “Fazer mais com menos” – é uma realidade conhecida por todos! Somos forçados a produzir mais com menos recursos, o que impacta diretamente na pressão sentida por todos os membros da organização. Destaco nesta nova fase corporativa três aspetos principais: “Never offline”; Pressão por resultados e longas horas de trabalho.
Never offline
A necessidade, ainda que de forma subliminar, imposta aos colaboradores de estarem sempre contactáveis resulta na inexistência de períodos de verdadeiro descanso. O nosso cérebro mantém-se constantemente em alerta, seja à espera de uma mensagem que está por vir, de um e-mail que necessita de resposta ou de uma notificação das redes sociais que não podemos deixar passar. Mesmo que não tenhamos plena consciência do nosso estado de conexão permanente, o facto é que, do ponto de vista fisiológico, isso corresponde a uma mobilização sistemática de recursos biológicos para a ação.
Pressão dos resultados
Bem sabemos que, hoje, o que não é medido, praticamente não existe. Todo o nosso percurso profissional deve "caber" num documento de Excel. A necessidade de parametrizar tudo, definindo objetivos sempre mensuráveis, acarreta um nível de pressão que adiciona stress à realização de qualquer tarefa diária. Não apenas os salários estão vinculados à concretização de objetivos, como a própria sobrevivência do posto de trabalho depende disso. Estar permanentemente online é, por isso, não só uma forma de assegurar que nada nos escapa, mas também uma ferramenta para aumentar as probabilidades de atingir os objetivos.
Longas horas de trabalho
O facto de as pessoas estarem sistematicamente disponíveis, juntamente com a pressão para atingirem objetivos, obriga, naturalmente, a uma dedicação redobrada ao trabalho. Atualmente, é comum os colaboradores prolongarem significativamente o seu horário de trabalho, muito além da sua presença no escritório. Refiro-me ao trabalho em "dois turnos": o primeiro corresponde à presença física no local de trabalho e o segundo às horas trabalhadas em casa, seja a concluir tarefas pendentes ou a antecipar outras. É inevitável que a soma destes dois momentos interfira na vida pessoal, diminuindo, consequentemente, o tempo de descanso – que sabemos ser crucial para um desempenho de alto nível.
A combinação do impacto destes três fatores tem duas consequências comuns no mundo corporativo: o stress e a fadiga. O ambiente extremamente exigente das organizações impõe ritmos tão elevados que, frequentemente, resultam num desgaste pessoal intenso, com custos, tanto a curto como a longo prazo, para a saúde e para o bem-estar. Simultaneamente, conduz a um impacto negativo na produtividade, o que contraria a necessidade das empresas de terem colaboradores altamente eficientes todos os minutos do dia. Como podemos, então, garantir uma elevada produtividade no escritório e assegurar uma constante capacidade de renovar a energia, sem comprometer o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional? É sobre estas ferramentas que vos vou dotar, no programa ‘Performance Individual e das Equipas’, que com muito orgulho dirijo.
Artigo de José Soares, Diretor do Programa de Formação para Executivos ‘Performance Individual e das Equipas’.