Fechado o balanço do ano 2022, entramos neste novo ano com sinais de angústia e ansiedade, impostos pelas várias crises em Portugal e na Europa. Entre as quais, se destacam a inflação alta e prolongada, o aumento das taxas de juro, a exagerada carga fiscal para as empresas e famílias portuguesas, os desafios logísticos mundiais que impactam também na subida de preços, para além da crise energética incontornável, não esquecendo uma guerra na Europa. Será um ano de grandes desafios e incerteza!
Neste contexto, é expectável que as nossas equipas estejam naturalmente inquietas e ansiosas. Mesmo que as empresas consigam navegar neste período com alguma estabilidade (sabemos que não serão todas), as famílias terão uma pressão acrescida, impactando os negócios ao nível da gestão das pessoas.
As lideranças reforçarão o seu papel fundamental na estabilidade do negócio através capacidade de acompanhar as suas pessoas, cada vez mais de forma individualizada.
Esta não é uma visão recente, já que foram treinando on job as competências de empatia e compaixão, conduzindo as equipas durante o período pandémico. A Gallup lista nos seus estudos os principais traços que os colaboradores valorizam nas lideranças: Confiança, Compaixão, Estabilidade e Esperança. São competências pessoais dos líderes e não de poder e controlo.
Escrevo hoje sobre a Compaixão, porque considero que é uma competência que beneficia os dois lados. Para além dos colaboradores se sentirem motivados, com altos níveis de confiança e, por isso, mais leais, os líderes tornam-se mais resilientes através de uma forte motivação altruísta para o benefício dos outros, conseguindo ultrapassar o lado “negativo” da empatia: sofrer pelos outros, distorcendo o julgamento e impedindo o distanciamento necessário para tomar decisões que ajudem efetivamente o outro e o negócio.
A Liderança com Compaixão requer treino para implementar estratégias que nos permitam usar a empatia como motor para a Compaixão: ouvir e fazer sentir-se ouvido, treinar a gestão das suas emoções para melhor gerir as dos outros, cuidar bem de si, física e mentalmente, são alguns exemplos.
Podemos todos tornar-nos um “Leader Coach”, que acompanha as suas pessoas e as ajuda efetivamente a ultrapassar problemas, encontrar objetivos e ajudar a alcançá-los. É um caminho que requer foco e entrega diária, apostando na plasticidade do cérebro humano.
Artigo de Ana Vasques, Consultant | Corporate Solutions.