"Inovar ou morrer" não é mais um slogan, mas a realidade do atual mundo dos negócios. A boa notícia é que o enorme e acelerado desenvolvimento tecnológico abre novas oportunidades em toda a rede de inovação, com enorme impacto no mundo empresarial.
Os diferentes atores corporativos estão hoje mais abertos a melhorar as suas operações, produtos e marketing com a adoção das novas tecnologias, dando a oportunidade às empresas de explorarem novos modelos colaborativos para acelerar a inovação.
Mas, se a inovação implica melhorias e ganhos, abraçá-la também implica assumir riscos, e as organizações que melhor entenderem como explorar as mudanças no seu ecossistema de negócio são as que irão liderar nesta era de transformação.
É inegável que a tecnologia desempenha um papel crítico no sucesso das organizações. Colaboradores e clientes estão mais capacitados e informados a cada dia, trazendo os seus próprios dispositivos para o trabalho, usando tecnologia móvel para obter informações em tempo real sobre produtos e serviços disponíveis e olhando muito além da organização de IT tradicional para a tecnologia e aplicações de suporte ao negócio, necessárias para desempenhar o seu trabalho, o que levou a Forrester a definir esta nova realidade como “Tecnologia de Negócios Aumentada” ou na sua versão original “Empowered Business Technology” (EBT).
Esta realidade requer um foco organizacional radicalmente diferente. Se, hoje, um CIO típico gasta cerca de 60% de seu tempo a gerir aplicações e infraestrutura, num mundo de tecnologia de negócios aumentada, esta alocação deve cair para 25%, até menos, permitindo-lhe dedicar tempo e atenção a outros tipos de responsabilidades.
Estima-se que os CIOs que compreendem esta necessidade vão triplicar o tempo e o esforço atuando como "Chief Innovation Officer” das suas organizações. Vão passar a atuar mais como facilitadores e unificadores, trazendo tecnologias disruptivas para os negócios de modo a melhorar e transformar produtos e processos. Ao mesmo tempo que integram inovações orientadas ao negócio, muitas das quais baseadas em tecnologia, vão também gerir e tirar partido dos processos de backoffice e dos repositórios de dados existentes que, pela própria natureza das suas funções, dominam como ninguém dentro das organizações.
Mudar o contexto da inovação em IT
Impulsionar a inovação dentro da organização de IT sempre foi uma das funções tradicionais do CIO. À medida que uma organização faz a mudança para tecnologia de negócios aumentada, a necessidade de inovação de IT não desaparece, mas o foco da inovação muda de um contexto de mero fornecedor de eficiência interna, para a maximização do valor do negócio.
Por exemplo, em vez de considerar apenas os aspetos técnicos de uma força de trabalho móvel, porque não considerar reformular os procedimentos segundo os quais o trabalho é realizado? Tornar cada funcionário capaz de aceder a informações e recursos corporativos de qualquer lugar pode permitir a criação de ambientes de trabalho flexíveis, com base nas necessidades de colaboração, tudo isso resultando numa maior produtividade e economia de custos para a organização.
Da mesma forma, os modelos de desenvolvimento agile são uma forma de usar a tecnologia para garantir que as mudanças nos processos de negócios sejam feitas o mais rapidamente possível e com o máximo alinhamento entre os sistemas de informação e as necessidades do negócio.
Adicionalmente, novos fluxos de dados e ferramentas de análise criam vastos conjuntos de dados sobre a presença da organização nas redes sociais, a forma como os produtos são usados, bem como uma visão mais completa das interações com os clientes. A gestão eficaz dessas fontes de dados e conteúdo irá permitir que diferentes áreas da organização – como por exemplo o marketing - descubram novas oportunidades, novos fluxos de receita e novos modelos de negócio.
Que implicações para o CIO?
Pela sua posição impar na organização, o CIO precisa estar envolvido em iniciativas de inovação e deve garantir que a empresa tenha um portfólio de iniciativas inovadoras em curso que façam o IT evoluir para uma lógica de BT (Business Technology), estabelecendo barreiras que promovam a inovação dentro dos limites e garantindo que novas tecnologias ou novos usos de uma tecnologia existente explorados pela equipa do IT sejam alavancados para as outras áreas da organização.
Nesta era, em que explosão generalizada da tecnologia em todos os aspetos do negócio está a mudar profundamente a natureza do papel do IT, os CIOs devem estar cientes, em primeiro lugar, de que devem trabalhar com todos os departamentos tradicionalmente voltados para o cliente para garantir conexões entre as redes externas, os processos internos e os autores dos processos de tomada de decisão. Sem essas interconexões, o isolamento de informações não apenas sufocará a inovação, como irá abrir oportunidades para concorrentes inovadores dominarem os seus mercados.
Os CIOs devem também transferir mais tarefas operacionais para parceiros de confiança, conseguindo desse modo libertar-se para dedicar mais tempo à criação de valor. O tempo gasto a trabalhar como "diretor de inovação" será mais direcionado a um papel de coordenação e facilitação, gerando valor por meio do maior uso e integração da tecnologia, do que como gestor de operações e controlo.
O papel do CIO em ajudar a acelerar a inovação nos negócios concentra-se cada vez mais em questões de negócios. A tecnologia não se torna menos importante, mas as fontes de tecnologia tornam-se mais complexas e mais externas. Os CIOs precisam concentrar mais a sua atenção em tornar o negócio bem-sucedido, independentemente de onde sejam adquiridos os serviços baseados em tecnologia.
Por fim, muita da confusão que alguns CIOs ainda têm sobre o papel do IT na inovação dos modelos de negócio será dissipada quando as decisões do negócio forem sincronizadas e apoiadas com os inputs trazidos pelo CIO. Em vez de pensar que, de alguma forma, o IT deveria realizar os seus processos de inovação independente do resto da organização, a estreita parceria entre o CIO e seus pares de negócios conduzirá a decisões inovadoras, coordenadas e informadas pela tecnologia.
A Pós-Graduação em IT Management
A pós-graduação em IT Management da Porto Business School tem por missão desenvolver nos participantes uma visão holística das organizações dotando-os das competências e dos conhecimentos necessários para contribuir ativamente para o alinhamento dos objetivos do IT com os do negócio, através de soluções inovadoras para a transformação das organizações.
Pretendendo responder a estes desafios, o programa tem evoluído continuamente, adequando conteúdos e dinâmicas aos exigentes desafios que, em cada momento, se colocam às organizações e aos seus responsáveis.
É assim que, na 7ª edição da pós-graduação que irá iniciar no próximo mês de outubro serão reforçados os conteúdos e atividades na vertente da transformação e inovação do negócio, bem como a inclusão de metodologias de gestão dos recursos humanos, ao nível das pessoas e das equipas.
Será também realizada uma atualização da componente tecnológica para continuar a cumprir a sua missão de formação executiva de profissionais que combinam o conhecimento da tecnologia às metodologias de gestão executiva, ao mesmo tempo que compreendem o contexto de negócio das suas organizações identificando as melhores oportunidades para, através da inovação, contribuir para a criação de valor para o negócio.
Carlos Vaz, co-diretor da Pós-Graduação em IT Management da Porto Business School