Estamos a viver um período de mudanças comportamentais relevantes caracterizado pela crescente busca individual por significados e propósitos, por uma maior consciência sobre os efeitos coletivos do trabalho e do consumo, e pela progressiva atenção dada aos atributos éticos e sociais das empresas. O comportamento humano está na base deste fenómeno.
Para alinharmos o bem-estar das pessoas com a sustentabilidade das empresas, é preciso compreendermos quais são os fatores que influenciam, de facto, os nossos comportamentos. Precisamos saber como formamos juízos, tomamos decisões e, principalmente, como podemos criar políticas organizacionais de mudança comportamental, de modo ético, baseado em evidências e cientificamente informado.
Há belos discursos organizacionais, repletos de declarações sobre propósito, bem-estar, ética, sustentabilidade, entre outras questões. Muitas vezes, o bem-estar de colaboradores e consumidores aparece como um elemento relevante.
Tenho razões para crer que existem pessoas específicas nas organizações que, de facto, têm um interesse genuíno e uma forte intenção de construir e executar políticas que melhorem a vida das pessoas e a sustentabilidade do negócio.
Minha experiência, contudo, mostra que as resistências organizacionais são grandes, sistemáticas e previsíveis. Essas resistências atrapalham e, em muitos casos, impedem processos relevantes de transformação críticos para a sustentabilidade do negócio. Grande parte dessas barreiras é constituída por comportamentos, crenças, decisões não baseadas em evidências e falta de pensamento crítico.
Um exemplo clássico é a área de comunicação interna. Essa não é uma área que deve ser entendida como uma “central de informações”, mas, sim, como uma área que tem a capacidade de influenciar fortemente os comportamentos dentro da organização.
Por exemplo, a depender de como o comunicamos, podemos fazer com que um processo de transformação digital, crítico para a empresa, que facilitará a vida de todos os colaboradores, seja percebido como um fardo pesado a carregar. As Ciências Comportamentais dão-nos ferramentas importantes para compreendermos quais são as melhores e mais éticas formas de comunicar, motivar, incentivar, estimular os colaboradores a comportamentos que são positivos para eles e para a organização.
Mudar comportamentos é uma das tarefas mais difíceis e importantes numa organização.
Primeiro, é preciso compreender quais são os critérios éticos e a legitimidade para essa tarefa. Segundo, é preciso compreender, de facto, como tomamos decisões e formamos juízos. Separar e descartar corretamente os resíduos orgânicos, dar feedbacks motivadores, criar contextos de segurança psicológica, diminuir os enviesamentos na seleção de pessoas, criar sistemas de compliance mais efetivos, que não dependam apenas de punições e controles, pagar as contas e as dívidas atempadamente, reduzir o desperdício alimentar, aumentar o consumo de vegetais, usar transportes sustentáveis, poupar, votar, vacinar-se, realizar o tratamento prescrito pelo médico, são exemplos de comportamentos críticos para as organizações, a sociedade, para a qualidade de vida das pessoas e para o sucesso de empresas e das políticas públicas.
O Open Executive Programme Behavioral Sciences for Organisations tem o objetivo de transferir conhecimento conceitual e aplicado das Ciências Comportamentais para a sua utilização prática nas organizações.