O relatório e contas de uma entidade, que engloba os denominados mapas financeiros (onde se destacam o balanço, a demonstração dos resultados e a demonstração dos fluxos de caixa), é a principal fonte de informação económico-financeira por ela emitida, embora não seja a única.
Tomar decisões de natureza financeira relacionadas com a entidade impõe, necessariamente, uma prévia análise dessa informação. Na literatura da especialidade, a abordagem a esse tipo de análise, incluindo as respetivas ferramentas e metodologias, aparece referida sob distintas designações: análise de balanços, análise financeira, análise económico-financeira, análise de rácios, análise de relatórios, análise de demonstrações financeiras, entre outras.
Esta falta de homogeneidade na linguagem técnica é passível de confundir o neófito que pretende embrenhar-se nesta área de Conhecimento, ou mesmo quando procura formação técnica com ela correlacionada. Poder-se-ia discutir a pertinência de cada uma das referidas expressões. No entanto, passar-se-á ao lado de tal discussão, focando no adequado entendimento a atribuir à expressão “Análise Financeira” (com maiúsculas). Tem um âmbito muito mais vasto do que a análise de relatórios e contas, propondo o processo tendente a estimar o valor intrínseco de uma entidade ou empresa, bem como o percecionar de que forma esta pode criar riqueza adicional ou quais as ameaças à sua capacidade competitiva. A tomada de decisões de investimento e de gestão de risco igualmente cabem na expressão, e são seguramente competências que se espera sejam detidas por um Analista Financeiro.
É nesta ampla abrangência que deve ser entendido o objeto do programa de Pós-Graduação em Análise Financeira da Porto Business School. A análise de relatórios – um dos seus módulos – é, pois, apenas uma pequena parte das matérias de estudo, parte de um conjunto alargado de outras que terão de fazer parte da bagagem profissional de um Analista Financeiro. Domínio do modo de funcionamento dos mercados financeiros, da gestão de risco, da gestão de carteiras, da avaliação de ativos financeiros emitidos pelas empresas, do funcionamento dos mercados de bolsa, incluindo os de opções e de futuros, são exemplos dessas outras matérias de estudo. Matérias que, obviamente, assentarão numa base de conhecimento que o candidato a Analista deverá possuir à partida e onde deve sobressair a familiaridade com a contabilidade, a matemática e métodos quantitativos, a economia.
Artigo de Carlos Alves e José António Moreira, Diretores da Pós-Graduação em Análise Financeira.