“O principal ativo de uma organização são as pessoas”! Deparamo-nos várias vezes com esta afirmação, ouvimos a mesma frase em inúmeras conferências, entrevistas, sites de empresas e até em capas de livros, mas depois descuramos a maneira como tratamos o talento nas empresas, temos dificuldade em atrair e reter. A teoria já é sabida, o que está então a falhar?
Segundo a ManpowerGroup*, “Portugal é o quarto país do mundo com maior dificuldade na contratação” e é na Região Norte e Grande Porto que a escassez de talento mais se faz sentir, com valores a rondar os 89% e 87%, respetivamente. “75% dos empregadores não consegue encontrar o talento de que necessita com a combinação certa de hard e soft skills”.
Na Porto Business School ouvimos clientes diariamente, partilham as dificuldades sentidas nesta “guerra de talento”, procuram soluções de upskilling e reskilling, as hard skills continuam obviamente a ser cobertas, mas o foco recai sobre as soft skills, em busca de desenvolver competências necessárias para o mercado de trabalho global atual, mas também para o mercado de trabalho de amanhã.
Há uma necessidade crescente de adaptar as estratégias de formação e de desenvolvimento pessoal às necessidades dos colaboradores, aos novos modelos de trabalho e ecossistemas. É essencial envolver as pessoas no processo de desenvolvimento pessoal com base nas suas motivações e interesses, tendo os líderes um papel fundamental na resposta às necessidades das suas equipas. Diz-nos o mesmo estudo que “76% dos empregadores planeiam investir na formação das suas equipas”, 30% quer reforçar as competências de data enquanto nas soft skills as prioridades são a resiliência e adaptabilidade. Sabemos também que quanto maior a dimensão de uma empresa, maior é a aposta em formação – em empresas com 500 ou mais colaboradores, 9 em cada 10 empresas apostam na formação contínua dos seus quadros, mas quando falamos de empresas até 10 colaboradores apenas 11% das empresas investem em formação.
A OCDE criou um índice de urgência com variáveis como educação e competências atuais da população adulta, globalização, alterações ao mercado de trabalho e Portugal surge como um dos países onde é mais premente atualizar o sistema de educação e formação de adultos. Posto isto, e voltando ao início, focando nas pessoas e como tirar o melhor partido do nosso talento, contribuindo para o aumento do engagement e consequentemente da retenção (mas sabendo que não há receitas certas) acreditamos que temos de envolver e comprometer as pessoas no processo de desenvolvimento pessoal, estimulando jornadas de aprendizagem contínua, com visão integrada de várias áreas, apostar na aprendizagem criativa, contribuindo para a resolução criativa de problemas complexos que exigem agilidade na tomada de decisão, personalizando cada experiência às necessidades mas também aos interesses de cada colaborador.
E sim, também é possível fazer tudo isto mesmo numa PME.
É complexo, mas possível! E teremos todo o gosto em ajudá-lo neste caminho.
*Estudo da ManpowerGroup realizado a 38.000 empregadores em 41 países.
Artigo de Magali Gomes, Consultant da área de Corporate Solutions da Porto Business School