Impulsionadas pela vontade desenvolver o seu próprio negócio, Joana Silva, alumna da Pós-Graduação em Direção de Empresas, e Mariana Alves criaram a Cork Units, empresa que fabrica objetos de decoração feitos à base de cortiça natural.
Joana Silva e Mariana Alves, primas, cresceram no setor da cortiça. Filhas dos fundadores da corticeira Oliveira e Alves Lda, com sede em Santa Maria da Feira, viram no negócio familiar uma nova oportunidade a explorar.
A história começa com um desafio. O irmão de Mariana, arquiteta, pediu-lhe alguns desenhos de peças feitas à base de cortiça para um projeto seu. Na altura, nenhum dos dois se apercebeu que seria este o ponto de partida para o nascimento da Cork Units. Nesta altura, Mariana trabalhava num grande escritório de arquitetura sediado em Londres e não pensava em trabalhar no negócio da familia.
Foi então que a prima, Joana, formada em engenharia mecânica, e recém-chegada ao negócio da família, começa a incitar Mariana a regressar a Portugal, para que juntas, pudessem explorar um novo negócio e criar a marca, em conjunto.
A Cork Units nasce pouco depois. Registaram a marca e, em 2019, Mariana toma a decisão de regressar a Portugal para juntar-se à prima, Joana e finalmente colocar mãos à obra. “Tudo começou numa brincadeira que hoje é um negócio”, recorda Joana, apoiada pela prima, Mariana. “Nasceu da ideia de tirar partido de um material de base industrial, que é produzido na empresa da família, valorizando-o através da criação de peças de valor acrescentado, com design contemporâneo, com o objetivo de dar uma nova visão à cortiça natural, que é habitualmente olhada como um mero produto tradicional”.
A empresa mãe, Oliveira e Alves Lda, corre o seu negócio em B2C, mas a procura por peças personalizadas, como explica Joana, era algo que começava a existir: “Recebíamos vários contactos de pessoas que procuravam algo diferente do standard, que é um bloco de cortiça natural, e na altura não tínhamos como dar resposta a esta procura. Percebemos que existia uma necessidade no mercado e por isso decidimos avançar com a nossa ideia. Foi revolucionário! Adquirimos algumas máquinas, conseguimos adaptar outras e começámos a criar. O mais difícil foi mesmo chegar ao mercado, arranjar canais de distribuição, uma vez que nenhuma das empresas do grupo vende diretamente ao consumidor final.”
A meio de todo este processo de criação da Cork Units, Joana sentiu necessidade de desenvolver competências em gestão para desempenhar as suas funções na empresa familiar e ingressou na Pós-Graduação em Direção de Empresas. Uma decisão, segundo Joana, que depressa se provou importante para a definição e arranque da Cork Units.
“Senti que precisava de acompanhar mais a parte da direção, financeira e de gestão da empresa e ao mesmo tempo, fui percebendo que a formação me estava a impulsionar para a Cork Units. Apresentei a ideia a alguns colegas durante a pós-graduação, que adoraram as peças e o nosso projeto final acabou por ser sobre a empresa, o que se revelou muito importante para dar um boost na marca”, recorda Joana. Mariana concorda e reforça "A Pós-Graduação foi muito importante porque trouxe o conhecimento que precisávamos, a visão de outros colegas de áreas distintas, que trabalharam este projeto, no seu curso, o que nos ajudaram a consolidar a ideia. Desde o início da formação [pós-graduação] que começámos a conseguir definir um caminho para a marca."
E se o início desta aventura começou com um desafio de um familiar, a incitar ao design de peças à base de cortiça natural, hoje a família continua bem presente na Cork Units e as duas empreendedoras contam com o apoio de primos e irmãos. “Tenho dois irmãos a trabalhar no estrangeiro e a Mariana, um, que também está fora, mas estamos sempre em permanente contacto. Temos um grupo online e vamos partilhando ideias. Foi assim que a marca nasceu e agora o seu crescimento tem sido feito da mesma forma. Gostava muito que um dia pudessemos estar todos juntos, a trabalhar na marca, em Portugal”, refere Joana.
Em relação às gerações anteriores, Mariana garante que não poderiam estar mais felizes com este que é um spin-off da empresa-mãe. “Nem eles próprios pararam para pensar que o que fizemos era possível. Sinto que hoje olham para o nosso projeto com muito orgulho. Ficam felizes que estejamos a dar continuidade à empresa, com um olhar de quem já esteve fora, com experiências noutras empresas. Acho que o grande desafio de todas as empresas familiares é a continuidade, o perdurar através das gerações e nós estamos a conseguir fazê-lo com a Cork Units.", refere Joana.
Com a empresa a arrancar no início de 2019, os primeiros meses serviram para planear o negócio, com a entrada no mercado a acontecer nos primeiros meses de 2020.
“A concorrência é grande mas ao mesmo tempo, nenhuma marca oferece o que oferecemos na Cork Units, tanto pela questão do material, uma vez que só trabalhamos com cortiça natural, no seu mais puro estado, como pela abordagem”, explica Mariana, que tem consigo a responsabilidade da direção criativa. “Queremos criar um conceito de uma marca com peças de qualidade de design contemporâneo, peças de autor ou de múltiplos autores. Queremos fazer chegar a cortiça a mais pessoas, designers, arquitetos que valorizem este material. Não é um projeto estático, queremos envolver mais pessoas e chegar o mais longe possível. Somos uma marca boutique que não pretende fugir desta escala, mas que procura uma abordagem de qualidade, sempre focada nos seus clientes.”
Sobre o futuro e a forma como veem a Cork Units crescer, Joana é ambiciosa “Adorava ver as nossas peças em grandes hotéis, grandes criações de home design. Quero ver designers de referência a nível mundial a quererem usar este produto, que é sustentável e que está na moda. Se conseguirmos trabalhar muito bem estas parcerias com designers, sei que vamos conseguir um crescimento que será importantíssimo para a marca”, finaliza.