A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) trouxe uma série de desafios para as diversas economias mundiais, mas fez também com que a necessidade urgente das empresas, dos governos e da sociedade de investirem cada vez mais em sustentabilidade viesse à tona.
Num mundo em que as expetativas da sociedade com relação às empresas são crescentes, e o conceito de propósito ganha cada vez mais relevância, a incorporação dos aspetos sociais e ambientais na estratégia das organizações ganha cada vez mais importância e constitui-se como uma vantagem competitiva.
O papel das empresas na sociedade e o seu propósito passa agora a ser uma questão crítica na criação de valor, no longo prazo, e atrai cada vez mais a atenção de investidores e dos seus stakeholders. A perspetiva de um ambiente empresarial mais colaborativo, consciente, com propósito, que acrescenta valor para todos os stakeholders, será uma vantagem competitiva no futuro.
De acordo com um estudo recente da KPMG, o novo coronavírus funcionou como um catalisador para a implementação de estratégias de gestão sustentável. Tendência confirmada também pelos resultados de um survey recentemente publicado, realizado pela BSR, a nível mundial, em que mais de 40% dos inquiridos afirmou que a crise provocada pela COVID-19 fez aumentar a relevância de uma estratégia de sustentabilidade nos negócios.
As iniciativas e tendências que já se vinham a identificar, nos últimos anos, ganharam agora maior senso de urgência e a sustentabilidade é, cada vez mais, apontada como um pilar estratégico para a reconstrução da economia global.
À medida que cada vez mais empresas e negócios se apercebem de que a sua sobrevivência e crescimento, a longo prazo, depende da obtenção de um equilíbrio inteligente entre rentabilidade e harmonia entre os seus vários intervenientes, muitas organizações têm tentado desenvolver iniciativas no âmbito da sustentabilidade, que impactam todos os seus stakeholders.
A pandemia veio apenas confirmar que "estamos todos juntos nisto", o que, sem dúvida, coloca pressão para que as organizações sejam mais responsáveis. Tudo aponta para que, no futuro, não bastará pensar no lucro, apenas. O sentido de propósito é cada vez mais relevante, para todos, do consumidor, cada vez mais sensível, aos colaboradores, que desejam trabalhar em empresas responsáveis, até aos investidores, para quem o propósito pesa cada vez mais, no momento de decidir onde investir.
A disrupção criada pelo contexto da pandemia pode ser o ponto de viragem na mudança de comportamentos e mindsets. E um ponto determinante nesta viragem rumo a padrões de sustentabilidade é a entrada, definitiva, dos fundos de investimentos como players, que tomam as suas decisões de investimento pautados pelas ações responsáveis de empresas e governos. A posição do CEO da Black Rock - considerado o maior fundo de investimentos do mundo - é exemplificativa desta tendência.
Quando o CEO do maior fundo de investimentos assume a sustentabilidade como critério de escolha, este é um claro sinal de que o mundo dos negócios está a mudar e que a Covid-19 pode estar a funcionar como catalisador desta mudança.