O binómio sustentabilidade-progresso foi o tema escolhido para o Workshop ODS “A sustentabilidade, o novo combustível do progresso”, vinculado ao projeto Universidades como interface para o empreendedorismo e realizado no dia 19 de novembro, UPTEC Asprela I.
A sustentabilidade é um dos temas que mais tem crescido desde o início da pandemia.
A sessão “A sustentabilidade, o novo combustível do progresso” promoveu a partilha de experiências, desafios e oportunidades no contexto da sustentabilidade organizacional com o objetivo de capacitar e consciencializar sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Esta sessão, vinculada ao projeto Universidade como interface para o empreendedorismo, foi moderada por Vasco Sousa, cofundador da Aliados Consulting, e contou com a participação de Cátia Santana, Project Officer, do projeto Sustainable Act da Porto Business School, Helena Antónia, fundadora e CEO da Vintage for a Cause, e Pedro Lago, Diretor de Sustentabilidade e Economia Circular da Sonae MC.
Cátia Santana acredita que “o futuro se muda através da formação e da educação; o mundo do ensino superior é um mundo do conhecimento para a mudança.”
É essencial fazer a transição do “saber” para o “fazer”. Para Cátia Santana, a sua contribuição para esta transição do saber ao fazer surge com a Porto Business School: “a Porto Business School, a organização à qual pertenço, é a escola de negócios da Universidade do Porto e tem um ADN curioso: surge da aliança entre a Universidade do Porto e as grandes empresas nacionais para responder às necessidades de formação executiva; às necessidades reais das organizações”.
E garante que a sustentabilidade, para a Porto Business School, é um “grande eixo prioritário da estratégia”. A pandemia veio acelerar todas as mudanças que a escola de negócios tinha planeado implementar em cinco anos e que foram implementadas em três meses.
A sustentabilidade não é um tema da moda. “Acreditamos que a sustentabilidade é um tema transversal a toda a oferta formativa”, partilha Cátia Santana e acrescenta “o objetivo a médio prazo é que ninguém passe pela nossa escola sem tocar no tema da sustentabilidade”.
É impossível falar em economia sem falar em economia sustentável; é impossível falar em gestão de pessoas sem falar dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A Porto Business School dinamiza o “Sustainable Act”, cofinanciado pelo Compete 2020 para capacitar as PME com novos conhecimentos, ferramentas e dados alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
“Lidamos com um tecido empresarial com pouco acesso a informação útil e o nosso objetivo é simples: queremos uma compilação de informação essencial; queremos capacitar as pessoas; queremos apoiá-las no processo e reconhecer o seu esforço”.
Nesta ótica de reconhecimento do esforço das PME, no final do projeto, o Selo PME Sustentabilidade premeia e reconhece o esforço das empresas.
Pedro Lago afirma ter “a felicidade de trabalhar numa empresa que verdadeiramente se consegue criar impacto” que percebeu que precisava de criar uma pequena equipa dedicada à implementação de projetos de sustentabilidade.
Antes deste desafio, Pedro Lago liderava uma equipa de mais de 200 colaboradores e geria um orçamento de alguns milhões de euros na área dos Sistemas de Informação.
Pedro Lago, diretor de Sustentabilidade e Economia Circular da Sonae MC, destaca “4+1 drivers” para alavancar a sustentabilidade: legislação, clientes, colaboradores, investidores e (“o+1”) o propósito que deve ser verdadeiramente central na estratégia.
A Sonae MC é membro fundador do World Business Council for Sustainable Development, uma organização criada há 25 anos quando ainda ninguém falava do tema.
A Sonae MC tem o compromisso público de alcançar a neutralidade carbónica até 2040. Numa perspetiva de economia circular, a Sonae MC trabalha com o desperdício alimentar e os plásticos. É o primeiro retalhista português a aderir ao “New Plastics Economy Global Commitment” com o compromisso de “plástico responsável”.
Helena Antónia, fundadora e CEO da Vintage for a Cause, criou este projeto que funciona como um clube de costura. Com a missão de combater a exclusão social das mulheres com idade superior a 50 anos, transforma-se roupa usada, doada pelas próprias mulheres e por terceiros, em roupa de alta qualidade assinada por diferentes designers.
Passado algum tempo, Helena compreendeu que “do ponto de vista do impacto social a performance era elevadíssima, mas do ponto de vista da viabilidade financeira tínhamos um problema”.
E em 2015, Helena fez uma descoberta que marcou o ponto de viragem do projeto: descobriu uma feira focada em sustentabilidade, em Berlim, a “Ethical Fashion Show” e compreendeu que havia um mercado para o produto e que é possível garantir a viabilidade financeira do projeto sem comprometer a sustentabilidade.
Antes de terminar esta conversa sobre sustentabilidade, Vasco Sousa lançou uma pergunta aos três convidados: Qual é o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com o qual estão mais comprometidos para um futuro mais sustentável?
Helena Antónia destaca a importância de redesenhar as relações entre os vários agentes para garantir a vida. É essencial assegurar “a nossa capacidade criativa de redesenhar a forma como nos organizamos para garantir a sobrevivência”, sublinha Helena Antónia. E nesta perspetiva, o ODS em foco é o ODS 17 “Parcerias para a implementação aos Objetivos”.
Para Cátia Santana, o ODS4 “Educação de qualidade” é vital para a mudança. Nas questões de sustentabilidade é fundamental “fazer”, pois “a inação é o principal inimigo da sustentabilidade. É claro que temos de ter uma estratégia, mas enquanto pensamos, fazemos”.
No contexto do retalho, Pedro Lago elege o ODS 12 “Produção e consumo responsáveis”. O grande desafio é como pensar o futuro numa perspetiva global e acrescenta que “na COP26 ficou claro que não existe uma comunidade global, mas o problema que temos é global”.