Foi lançado recentemente o ranking de Talento do IMD Competitiveness Center, com a parceria Porto Business School, e os resultados não são muito favoráveis para o nosso país.
Da análise do estudo destacamos os seguintes dados:
1 - Portugal está no 26º lugar (num total de 63 economias analisadas), perdendo posições pelo 2º ano consecutivo, o pior resultado desde 2016.
2 - A descida mais significativa ocorreu no indicador “Investimento e Desenvolvimento”, onde Portugal desceu 9 posições, especialmente pela baixa pontuação em “Formação de Colaboradores”.
3 - Portugal desceu também no indicador de “Atratividade” – do 32º para o 33º lugar – muito devido à baixa classificação nos critérios de “justiça”, “motivação dos colaboradores” e “saída de pessoas com boa formação e qualificação”.
4 - Subiu três posições no indicador de “Preparação”. Esta subida, que coloca Portugal na 24ª posição, foi motivada pela boa pontuação do país em “Management Education” e “Competências Linguísticas”.
5 - O ranking dos países mais competitivos em talento mundial continua, pelo 4º ano consecutivo, a ser liderado pela Suíça, seguindo-se a Dinamarca e o Luxemburgo.
6 - 8 das economias que lideram o Top 10 do ranking são europeias, resultado da “excelente educação” e “boa mobilidade” que o continente apresenta.
Galp e Mota-Engil em webinar PBS: como contrariar a tendência do ranking
Para tentar perceber como pode o país, através das organizações, subir no ranking e, com isso, melhorar a sua competitividade mundial, a Porto Business School organizou um webinar dedicado ao tema. Moderado por Rui Coutinho, Executive Director na Porto Business School, o evento teve como convidados Sandra Rebelo, Diretora de Aprendizagem e Desenvolvimento da Galp, e Luís Monteiro, Diretor de Recursos Humanos da Mota-Engil.
Durante uma hora de conversa conseguimos perceber com alguma profundidade o funcionamento do recrutamento e gestão de talentos na Galp e na Mota-Engil, uma das grandes razões para assistir ao Webinar. E quando o tema é gestão de talento nas organizações, em 2020 é impossível não falar de mudanças que surgiram com a pandemia e é impossível não falar de trabalho remoto.
No entanto, um dos temas mais abordados foi a fuga do talento nacional, ou seja, a saída do nosso país rumo a melhores carreiras no exterior, o que, para os convidados, justifica muitos dos valores apresentados no Ranking do IMD Competitiveness Center.
Sandra Rebelo diz mesmo que “na minha experiência, os talentos que saem da Galp não saem para continuar a trabalhar em Portugal”. Mas vai mais longe: “Acredito também que nas grandes empresas temos dificuldade em dar um passo de adaptação a estes novos tempos. A nossa tendência sempre foi de equidade interna e competitividade externa. Desta forma, arriscamo-nos a ter dentro das empresas políticas que não são aplicáveis da mesma maneira a todos os tipos de público. O mundo é cada vez mais rápido e nós não temos capacidade de criar carreiras diferentes quando surgem essas necessidades, não estamos capacitados para poder agir agilmente face a estas necessidades. Acabamos por ficar presos nas nossas regras”.
Luís Monteiro fala numa mudança de paradigma quando falamos de quadros mais qualificados: “Há uma evolução e o sourcing de talento deixou de estar no plano nacional e passou a ser global”. A formação e qualificação foi, como não podia deixar de ser, tema central do webinar.
Para Sandra Rebelo, “o país demorou a ter processos de formação, quer nas empresas, quer nas universidades ou escolas, que fossem mais de digitalização, de Analytics, de matemática, de big data. Perdemos um bocadinho esta carruagem e estes são perfis que eu tenho dificuldade em agarrar e reter”.
Nesse sentido, ambas as empresas apostam na formação interna. Luís Monteiro fala das Academias Internas da Mota-Engil, com programas “muito dedicados a trabalhar o nível de competências que nós não sentimos que conseguimos obter diretamente a partir do mercado”.
Sandra Rebelo salientou a relevância da reprogramação de talentos em 2020 na Galp: “Estamos a investir muito no reskilling, foi uma das mudanças na pandemia. Sentimos a urgência de ver que se calhar tínhamos pessoas a fazer tarefas que na realidade não eram de valor acrescentado e que conseguimos pegar nessas pessoas e colocá-las a fazer outras tarefas de maior impacto”.
Não deixe de assistir ao Webinar completo: