O êxito da internacionalização de uma empresa pode ser limitado por várias questões, desde as mais operacionais - como as taxas de câmbio ou os canais de distribuição - às culturais. Pedro Vieira, diretor da Pós-graduação em International Business explica como a cultura pode ser um fator decisivo para o sucesso das empresas.
O processo de internacionalização de uma empresa é muito mais complexo do que possa parecer, porque são muitos os fatores que podem levar ao seu sucesso ou insucesso. A barreira cultural é, por vezes, um verdadeiro entrave e muitas empresas não lhe prestam a devida atenção. Pedro Vieira, com uma vasta experiência em consultoria de processos de internacionalização, atualmente a frequentar o doutoramento na área da Comunicação Intercultural, acredita que, embora as questões culturais sejam menos trabalhadas numa fase inicial, podem ter um impacto maior mais tarde.
“As empresas olham em primeiro lugar para as questões alfandegárias, tarifárias, de taxas de câmbio e logísticas, e perguntam-se como é que os canais de distribuição estão organizados e como é que vão adaptar o produto ou modelo de negócio para ir ao encontro dos diferentes canais de distribuição. Estas são as questões mais óbvias a curto prazo”, afirma o diretor da Pós-Graduação em International Business da Porto Business School.
Porque é que as empresas falham, muitas vezes, no processo de internacionalização?
Como não existe uma fórmula mágica para o sucesso, também não há uma única razão para o insucesso. “As empresas podem falhar porque não adaptaram o produto, porque não foram capazes de gerir questões legais, porque não conseguiriam gerir a diferença cultural de país para país”, acrescenta.
Olhando para mercados como o Brasil, China ou Angola, o diretor da Pós-Graduação em International Business recorda-se de vários exemplos de empresas que não foram bem-sucedidas nestas regiões por não terem em conta as diferenças culturais. “Na década de 90, promoveu-se muito a ida de empresas portuguesas para o mercado brasileiro, porque é um mercado de língua portuguesa em crescimento e achávamos que culturalmente não havia segredos para nós, que comunicaríamos todos muito bem. Contam-se pelos dedos da mão as empresas que tiveram sucesso nessa altura. Houve dezenas e centenas que falharam”.
As razões para o insucesso estiveram relacionadas com o facto de a língua não ser assim tão parecida e de o Brasil ser um país culturalmente diferente de Portugal numa escala continental e em matéria de impostos interestaduais. “Muitas vezes, as empresas não tinham isso em conta, porque é difícil repatriar os lucros ou dividendos das empresas e, ainda, porque há impostos com os quais não contaram”, finaliza.