Para aumentar a competitividade da nossa economia será necessário estabilizar as políticas públicas, reduzir e estabilizar a carga fiscal, reduzir a burocracia e melhorar a eficiência do sistema legal. São problemas estruturais do nosso país que extravasam e perpassam diferentes Governos, várias crises financeiras, troikas e afins.
Portugal é a 37ª economia mais competitiva do mundo. Assim o evidencia o Ranking Mundial de Competitividade 2020 publicado, recentemente, numa parceria em Portugal entre o IMD e a Porto Business School. Este ranking analisa a competitividade das economias de 63 países, utilizando 4 grandes critérios: Desempenho Económico, Eficiência do Estado, Eficiência dos Negócios e Infraestruturas.
Portugal surge, portanto, abaixo do meio da tabela neste ranking global. Fica também abaixo do meio da tabela quando comparado apenas com os seus pares europeus ou com os países com menos de 20 milhões de habitantes.
Num momento como este, em que tanto precisamos de mostrar ao mundo a nossa competitividade para atrair investimento estrangeiro, é fundamental que todos, Governo, Empresas, e cada um de nós, olhemos para estes rankings e retiremos lições sobre que nos separa, afinal, das economias mais competitivas.
Os pontos fracos que mais prejudicam a nossa competitividade surgem, por um lado da (in)eficiência do Estado, devido tanto às políticas públicas em geral (em 46º no mundo), como à política fiscal (neste critério surgimos em 53º!) e, por outro, da iniciativa privada, em particular das débeis práticas de gestão (estamos em 52º lugar neste critério).
De entre os fatores de maior atratividade da economia portuguesa surgem a qualificação da mão-de-obra, o custo competitivo dos fatores produtivos e as infraestruturas. Na mesma lista de fatores de atratividade, Portugal apresenta maus resultados nos temas do regime fiscal, da competência do Estado e da eficácia do ambiente legal.
Nestas matérias, é interessante comparar Portugal com o excelente desempenho de alguns pequenos países europeus que constam nos lugares cimeiros do ranking como, por exemplo, a Dinamarca (em 2º lugar), a Suíça em (3º lugar) e a Holanda (em 4º lugar). Não é certamente uma coincidência o facto do indicador de maior atratividade tanto na Dinamarca como na Suíça (as duas economias europeias cimeiras no ranking) ser a estabilidade e previsibilidade das políticas públicas.
Creio que fica bem à vista de todos que para aumentar a competitividade da nossa economia será necessário estabilizar as políticas públicas, reduzir e estabilizar a carga fiscal, reduzir a burocracia e melhorar a eficiência do sistema legal. É com pena que vemos que estas conclusões são as mesmas há muitas décadas. São problemas estruturais do nosso país que extravasam e perpassam diferentes Governos, várias crises financeiras, troikas e afins.
Vivemos hoje um dos momentos mais difíceis da história recente do nosso país. Será desta que vamos ter a coragem de agarrar os temas prementes da nossa economia?
Pela amostra do recente caso TAP, e a julgar pela (in)competência do Estado na gestão do mesmo, começamos muito mal...
[Artigo publicado originalmente no Dinheiro Vivo a 24.07.2020]