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Fiona Apple
Fetch the Bolt Cutters
Lançado já em plena pandemia, “Fetch the Bolt Cutters” é o quinto álbum de Fiona Apple e talvez possa ser a sua obra prima. É um disco cru, feito de sons orgânicos, muitas vezes corporais. É um disco de rasgo, inconvencional e inquieto. Que arrisca, que propõe e que nunca se esconde. É uma ode à genuinidade. E é feito de novos possíveis caminhos, trilhados por quem sente que o mapa que a trouxe até aqui talvez já não sirva para a conduzir para o futuro. Apropriado.
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Michael Kiwanuka
Kiwanuka
Ao terceiro disco, editado em 2019, Michael Kiwanuka afirma-se como um dos grandes compositores britânicos para a próxima década. Este disco é sereno e luminoso, qualidades que muito nos ajudam nestes tempos incertos. É contemplativo e deve ser considerado como uma obra integral, ou seja, para ouvir de fio a pavio (o que é já não é prática habitual nesta era do streaming). Preferencialmente com auscultadores.
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Depeche Mode
Construction Time Again
“Construction Time Again” é o repto mais acertado para os tempos que nos esperam nos próximos meses. Ao seu terceiro álbum, editado em 1983, os Depeche Mode tornam-se mais refinados, mais polidos e mais assertivos. “The Landscape is Changing” é uma das canções de referência do álbum e constitui uma audição oportuna para estes dias, em que tudo no nosso planeta parece mudar. “Just take good care of the world...”
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Herbert
Bodily Functions
Bodily Functions foi editado em 2001 e foi aclamado pela crítica como um casamento perfeito entre arte e inteligência. Um cruzamento quase perfeito entre electrónica e jazz, o álbum é uma coleção de canções extraordinárias que celebram a dimensão humana da música.
Num tempo de distanciamento físico, Bodily Functions ajuda-nos a ficarmos ainda mais próximos do nosso corpo, das nossas características físicas e do nosso quotidiano.
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PJ Harvey
The Hope Six Demolition Projects
Apesar de ser talvez o mais americano de todos os discos de PJ Harvey, “The Hope Six Demolition Project” (publicado em 2016) ganha uma nova acuidade nestes tempos que correm. A sua observação cáustica e assertiva da comunidade de Anacostia pode ser transposta para as nossas comunidades que, um pouco por todo o mundo, têm garantido respostas sociais e económicas extraordinárias a esta pandemia. É um disco otimista, de onde emana “a comunidade de esperança”.