Num futuro não tão longínquo (4-5 anos) a capacidade computacional de uma máquina será não só superior ao atual QI humano, mas também ao atual quociente emocional da maior parte dos seres humanos.
A fusão das tecnologias aliada às mudanças demográficas, económicas e políticas irá trazer muitas oportunidades de crescimento organizacional e pessoal, bem como ameaças na área da segurança e privacidade, no entanto serão as mudanças sociais e de comportamento do consumidor que ainda irão fazer a diferença este ano.
Já em 2017 assistiremos no campo da automação de processos à venda de roupas impressas em 3D, logística autónoma (entrega de mercadorias em veículos autónomos) e segurança robótica para proteção de humanos. Na área dos serviços poderemos utilizar aplicações de auto serviço de saúde e bem-estar, como aplicações de análise de pele ou mesmo de análise de níveis de toxicidade alimentar. Os serviços avançados também permitirão a captura biométrica de emoções para processamento de padrões de consumidor ou mesmo alertas de comportamento com aplicação nas áreas de segurança, proteção de pessoas e bens.
Na direção oposta também iremos assistir a um fenómeno de divergência analógica, ou seja mudanças comportamentais no sentido de desconexão de redes sociais, saída de sistemas de controlo monetário e de consumo através da reversão para o uso da moeda física, bem como as próprias marcas a apostarem em experiências puramente analógicas dando algum descanso ao consumidor de alguma fadiga digital.
Do lado do retalho experiencial, as demonstrações virtuais e imersão do consumidor tornarão possível simular uma nova roupa em realidade aumentada ou mesmo encomendar online variações das últimas coleções. Os simuladores poderão funcionar tanto online como em pontos de venda físicos, em que o consumidor poderá testar em tempo real qual a variação de produto que lhe fica melhor. A culinária também irá dar passos em refeições 3D especialmente na área da doçaria (algo que já acontece na 3DS Culinary Lab em Los Angeles).
E não será por vivermos em tempos em que um supercomputador bate um campeão de xadrez que iremos assistir a tecnologia a substituir humanos, veremos sim uma substituição de tarefas cognitivas mundanas, e ao mesmo tempo uma maior expressão do "Vintography" (novas gerações a reutilizar tecnologias obsoleta).
Num futuro não tão longínquo (4-5 anos) a capacidade computacional de uma máquina será não só superior ao atual QI humano, mas também ao atual quociente emocional da maior parte dos humanos, ou seja, à capacidade de ler, processar, interpretar e agir empaticamente com seres humanos. Para uma sociedade cada vez mais autocentrada em que é mais fácil conhecer o seu próprio telemóvel do que o vizinho mais próximo, este avanço será extremamente útil para os que mais se sentem sós e desprotegidos. Além dessa empatia computacional, nanotecnologias estão a ser desenvolvidas de forma a que "Nanobots" (nanorobots) do tamanho de células permitirão identificar toxinas, fontes patogénicas ou mesmo reparar lesões ao nível molecular.
Finalmente, a tecnologia irá criar a possibilidade de nos conectarmos àquela que chamamos atualmente de Cloud para poder não só aumentar a capacidade de memória mas também o acesso a conhecimento e experiências em realidades digitais. Apesar do argumento de que a tecnologia pode aumentar desigualdades, o locus das decisões não está na tecnologia e enquanto as tecnologias continuarem a ser exponenciais (com taxas de crescimento não lineares), as decisões que tomarmos ainda serão nossas e o futuro da tecnologia deverá ser cada vez mais humano.
Rui Serapicos
Managing Partner da CIONET Portugal
Docente da Porto Business School nos programas
Leading Digital Transformation e Executive Master [Pós-Graduação] em IT Management